Quem foi John Rawls?

Odiado por muitos, amado por poucos, mas importante para o universo intelectual de formação do pensamento liberal do mundo. Antes de iniciar a apresentação deste autor, gostaria de parafrasear Lucas Berlanza, jornalista e atual presidente do Instituto Liberal, onde ele diz que gostemos nós ou não do que defende Rawls em seu liberalismo, ele ainda faz parte da construção da historicidade do pensamento liberal. 

A ideia deste breve texto é introduzir, honestamente, as colaborações de John Rawls para o pensamento liberal e intelectual, sem julgamento de valores. 

Quem é John Rawls? 

Não, ele não é um personagem de A Revolta de Atlas, seria até ofensivo colocá-lo junto ao objetivismo. 

Rawls foi um professor norte-americano, cuja área de conhecimento caminhava entre a ciência política e a filosofia política. Nascido em 21 de fevereiro de 1921, Rawls construiu sua carreira acadêmica na Universidade de Harvard e lançou grandes obras, como Uma Teoria da Justiça (1971), Liberalismo Político (1993) e O Direito dos Povos (1993). 

A obra mais conhecida de Rawls (ao menos na minha pequena bolha) é “Uma Teoria da Justiça”, publicada em 1971. A obra trata das perspectivas éticas do autor no que tange a ideia de justiça. Essa teoria teve e ainda tem grande repercussão no meio acadêmico, considerada uma das mais importantes do século XX. 

Como disse Berlanza, gostemos ou não das suas concepções políticas e ideológicas, Rawls foi um dos pensadores com maior relevância política, social e cultural no século XX. Suas obras passaram o universo acadêmico e chegaram a grande massa, o que tornou o professor reconhecido em diferentes contextos sociais. 

Em uma primeira avaliação, o autor parece ser aqueles escritores fáceis de ler e compreender o seu conteúdo. Engana-se quem chega às suas obras com essa convicção. Rawls é um professor completo e entrega grande conhecimento teórico para o avanço do pensamento intelectual e político da academia, chegando a sua relevância em diversas áreas, como o direito e economia. 

A teoria da justiça de Rawls

“Uma Teoria da Justiça” (1971) é a grande obra intelectual de John Rawls. O livro faz um apanhado de todos os trabalhos produzidos pelo autor durante a sua trajetória intelectual e profissional. 

A justiça apresentada pelo autor é a compreensão de que, naturalmente, existe uma equidade como posição original da natureza, considerando as teorias elaboradas no que se refere ao contrato social (incluindo as liberdades individuais). Ou seja, a justiça de Rawls é compreendida inseparável dos campos políticos, econômicos e sociais. 

Para o professor, essa é a base que mantém todas as relações existentes em uma sociedade. As pessoas que detém o conceito de justiça de Rawls utilizam das ferramentas da racionalidade e liberdade. Sendo assim, tudo em que as pessoas estão relacionadas e agindo precisam seguir esses princípios fundamentais. O governo é um exemplo de local de ação. 

Logo, o conceito de justiça de John Rawls diz que as pessoas precisam definir o que é ou não justo para elas (ou seu grupo), de acordo com suas análises baseadas no uso da razão, considerando a existência de um contrato social. Essa seria a situação inicial dos indivíduos e básica às instituições.  

Entretanto, para que essa lógica faça sentido, Rawls afirma que as pessoas estão cobertas por um véu de ignorância, o que as impediria de fazer escolhas irracionais ou com base nos seus interesses individuais. O véu da ignorância, no entendimento intelectual de Rawls, é quando os indivíduos não tomam escolhas com base nas perspectivas sociais, ou seja, com base na raça, sexo, religião, entre outros. Logo, a pessoa estaria decidindo apenas segundo o seu estado natural e no uso da sua razão plena. 

Como afirmado anteriormente, as obras de Rawls são repletas de conceitos e categorias que explicam e justificam a sua forma de pensar e a construção da sua teoria. Mas, neste espaço, farei apenas uma breve introdução. Para ter mais conhecimentos sobre a obra e o autor, aconselho a leitura do livro na íntegra. 

John Rawls é um liberal? 

Em sua teoria da justiça e na obra sobre liberalismo político, Rawls defende a intervenção do Estado em algumas áreas da sociedade, na busca de entregar o que está definido no chamado “Estado de bem-estar social”. 

Mesmo assim, o autor defende a pluralidade de ideias e o princípio de tolerância, ambos endossados por um sistema político democrático e constitucional, para que, assim, algumas liberdades individuais sejam garantidas pelo Estado. 

Em suma, esse é o pensamento do autor. Agora, cabe ao leitor definir se ele é ou não liberal, seguindo a sua própria regra ideológica do liberalismo. 


*As opiniões do autor não representam a posição do Damas de Ferro enquanto instituição

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *