Liberdade: uma escolha da qual dependem todas as outras

Liberdade: uma escolha da qual dependem todas as outras

Você já leu sobre a importância da liberdade, já ouviu diversos exemplos do preço que muitos pagaram para obtê-la e assegurá-la, mas será que você já parou para pensar na liberdade como a única escolha do ser humano? Se você decide ser livre, ganha o direito de tomar todas as outras decisões da sua vida sem a interferência indesejada de forças externas. No entanto, quem está submetido a regimes autocráticos jamais pode fazer uma escolha em paz. 

Se tudo o que você diz pode ser delatado e tudo o que você faz está sendo observado, logo você começa a policiar sua mente e tornar-se um dos seus piores carrascos. Esse fenômeno de autovigilância é relatado por alguns desertores norte-coreanos, por exemplo. 

Minha intenção é que você compreenda a importância da defesa pela liberdade por um ponto de vistas diferente daqueles já amplamente trabalhados por tantos autores e escritores ao longo da história. Quero que você entenda que a liberdade é a única e verdadeira escolha do indivíduo, e dela procedem todas as outras. 

O Talibã 

Em 2021, quando o Talibã retomou controle do Afeganistão a população corria para se refugiar em países vizinhos ou tentar, de todas as formas possíveis um caminho para algum outro lugar onde pudessem ser livres. Segundo o ACNUR – Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados:

Cerca de 3,5 milhões de pessoas estão deslocadas devido ao conflito e muitas crianças estão fora da escola. Há 5,7 milhões de pessoas refugiadas do Afeganistão, sendo 5,1 milhões somente no Irã e no Paquistão.

O Talibã chegou a prometer que as mulheres poderiam estudar, cumpridas as determinações como, por exemplo, a impossibilidade de existência de classes mistas, já que o regime entende que esta seria uma violação às suas crenças e tradições2. No entanto, todos já sabiam que esta promessa jamais seria cumprida, como de fato não foi. 

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Figura 1- Talibã colocou fogo em diversos instrumentos musicais (Reprodução/Twitter)3

A notícia mais recente foi a de instrumentos musicais sendo queimados em praça pública por serem considerados “imorais”. Diante desta afirmação tão incrivelmente absurda não tenho outra escolha se não apontar a total e completa ausência de consciência moral do próprio regime. 

Como pode haver qualquer moralidade em quem atenta contra a democracia e faz guerra contra a liberdade, criando um Estado sem qualquer sombra de Devido Processo Legal, Contraditório ou Ampla Defesa? Que moral há em impor a todos a sua forma de ver o mundo? 

A Coreia do Norte 

A vida em um país tão incrivelmente fechado e diversos, com doutrinas quase incompreensíveis para quem já teve qualquer contato com a realidade é inimaginável, mas vale a pela citar o exemplo do país mais fechado do mundo e de uma dinastia de ditadores que mantém os cidadãos em uma bolha, longe de tudo o que ameace a doutrina que os aprisiona. 

Comecemos pelo nome oficial do país a República Popular Democrática da Coreia. Sim, você acabou de ler que a democracia figura no nome do país mais distante de qualquer sombra de liberdade.

Trata-se do país onde existe uma intranet altamente controlada, onde turistas jamais podem sair do hotel desacompanhados de um guia, ou visitar qualquer local que não esteja no roteiro. São tantas as regras para os turistas que chega a ser assustador pensar que há ainda mais regras para os cidadãos. É um mundo paralelo, tão absurdamente diferente que gera a curiosidade de conhecer, e esta curiosidade rende preciosos recursos financeiros ao regime. 

Lá a música não é imoral, desde que seja para exaltar os líderes e seus feitos, ainda que estes existam apenas na versão norte-coreana da história. A quem ainda não compreendeu toda a extensão dos danos desta dinastia de ditadores, sugiro procurar a história de Otto Warmbier e, em seguida, comprar o livro “Para Poder Viver: a jornada de uma garota norte-coreana para a liberdade”, a autobiografia de Yeonmi Park. 

Conclusão

Há tantos outros exemplos a serem citados que decidi falar apenas de dois, evitando alongar ainda mais a sua leitura com todos os absurdos que acontecem em países como o Irã, Cuba, Nicaragua e Venezuela, cada qual com suas particularidades e, por óbvio, guardadas as devidas proporções cabíveis a cada caso. 

O que fica absolutamente claro é que, quando não escolhemos a liberdade e não lutamos para obtê-la ou quando ignoramos nosso dever de defendê-la estamos, automaticamente, desistindo de todas as outras escolhas, por mais simples e banais que elas pareçam. Compreendo que esta defesa não é tarefa fácil, mas é ainda mais difícil lutar contra um regime autocrático cujo poder foi ganho e é mantido por meio da força e que utiliza todos os tipos de coação ao seu alcance para se manter no poder.

Lembre-se, em cada decisão do seu dia, que é da liberdade que provém o seu direito de escolher qualquer das opções disponíveis, respeitando a liberdade alheia.  


*As opiniões do autor não representam a posição do Damas de Ferro enquanto instituição.


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