Eleições 2022 – O que podemos (devemos) aprender

A “festa da democracia” viveu seu ápice no mês de outubro de 2022. A discussão política tomou todos os espaços possíveis nas pautas populares, e não se falou de outra coisa a não ser sobre quem se tornaria o próximo presidente do Brasil. 

Não vou entrar no mérito da qualidade dos candidatos. Você provavelmente já tem sua opinião formada sobre esses ilustríssimos senhores que disputaram o cargo mais alto do executivo brasileiro. A campanha, em sua maioria, não foi sobre propostas, mas sim sobre atacar um ao outro da forma mais baixa possível.

A polarização induz muitos a pensar que todas as pechas colocadas nos candidatos são verdades absolutas e que estas cabem também a milhões de eleitores que se veem sem saída e decidem escolher o lado “menos ruim”. 

Para piorar, temos uma suprema corte com atitudes, digamos, questionáveis, e coroando o circo, está uma parte considerável da imprensa, incluindo institutos de pesquisa, descredibilizados e coniventes com questões indefensáveis. 

A desesperança, o medo do controle desenfreado e a impressão de que cada vez mais nossas liberdades estão sendo tolhidas, nos faz refletir sobre o que pode ser feito para virar esse jogo. Defender a liberdade é, e sempre foi a arma contra qualquer forma de tirania. Devemos nos atentar a isso.

O carisma que precisamos 

Peter Parker, alter ego do grande Homem-Aranha, é o super herói com maior popularidade dentre os fãs de todo mundo. Não à toa, o cabeça de teia esteve presente nos três primeiros filmes com maior bilheteria na história dos filmes sobre heróis. Mas, o que exatamente o aracnídeo tem a ver com a política brasileira atual? 

Na história original, Peter é um jovem garoto da periferia de Nova Iorque, que é órfão de pais e mora com os tios. Sua vida é cercada por violência, bullying e pobreza. Além disso, sua autoestima não é lá das maiores, apesar de o personagem ser extremamente inteligente.

Parker recebe seus poderes em meio a uma cidade cercada dos mais diversos problemas sociais. O gatilho para que ele se tornasse herói é bastante traumático. Ele decide se tornar o “amigo da vizinhança” após (alerta de spoiler) seu tio Ben ser morto por um homem que ele poderia ter ajudado a prender, mas não o fez. 

Então, Peter recebe a lição mais dura, porém mais valiosa de sua vida: não devemos ser coniventes com as injustiças, porque a qualquer momento, a vítima pode ser um de nós. O homem aranha é um grande símbolo da luta pela liberdade.

Com certeza, a história do aranha e como ele se tornou um grande herói gera identificação com uma expressiva parte do público, pois seu lado humano e seu carisma cativam e geram empatia, identificação. 

Em um cenário extremamente caótico e polarizado, e com a liberdade cada dia mais ameaçada, percebe-se que o Brasil está carente de pautas que de fato priorizem o indivíduo, e não projetos de poder.

Liberalismo, libertarianismo, ou qualquer outro termo que faça menção à defesa da propriedade privada e da livre associação entre indivíduos, é a resposta contra essa loucura que estamos vivendo atualmente, que jamais se restringirá ao mês de outubro. 

A defesa da liberdade, em última análise, sempre beneficiará o indivíduo, independente de quem ele seja ou quais são os seus valores. Utilizar o carisma e a empatia para chamar atenção do público sobre essas ideias é uma ótima maneira de construir um país mais livre, e defender isso de uma forma mais humanizada pode conquistar muitos adeptos para essa causa.

Sejamos cativantes

Não é raro as pessoas pensarem que o liberalismo se trata apenas de economês, e de livros com centenas de páginas sobre teorias complexas. A defesa da liberdade deve ser muito maior que discutir sobre teorias econômicas ou modelos de governo ideais. 

Longe de mim querer desmerecer esses assuntos. São pautas importantíssimas, sem dúvidas. Mas, para conversar com o grande público, existe uma necessidade de focar em problemas que são mais palpáveis. Ao contrário do que muitos pensam, não é apenas a esquerda que se preocupa com os pobres ou com as demais causas sociais. O que se defende, no liberalismo, é empoderar o indivíduo para que ele não dependa de um Estado paternalista. O ótimo artigo do blog Damas de Ferro “Não dê o peixe, ensine a pescar- Política pública que funciona” ilustra bem esse aspecto.

Como resolver o problema da fome? E as questões da saúde pública? Da educação defasada? Todas são pautas em que o liberalismo pode contribuir de maneira grandiosa, cujas ideias devem ser passadas de forma simples, gerando conexão com quem as ouve. Esse trabalho, apesar de já ser feito com maestria por muitos liberais, talvez não esteja sendo feito pela quantidade necessária de pessoas para chegar a uma gama maior da sociedade. 

O populismo, as mentiras para conquistar votos, a censura desenfreada e os demais artifícios utilizados para, no fim das contas, dar mais poder ao Estado, ainda permanecem com muita força e conversam com boa parte das pessoas no país. 

Porém, pôde-se observar também que a insatisfação é muito grande. No primeiro turno, por exemplo, mais de 30 milhões de cidadãos se abstiveram de votar. Isso representa cerca de 20% do eleitorado. Essa foi a maior porcentagem de eleitores que deixaram de votar desde 1998.  

É essencial frisar, tanto àqueles que não se sentem representados hoje, quanto àqueles do voto útil no “menos pior”, que vocês não estão sozinhos nessa. O indivíduo é quem deve ser prioridade. O “nós contra eles” em nada beneficia quem de fato deseja o desenvolvimento do Brasil. O trabalho de passar essa mensagem não é fácil, mas é totalmente possível. 

Fazendo amigos 

Dale Carnegie, no livro “Como fazer amigos e influenciar pessoas”, nos dá lições importantíssimas de como nos tornarmos mais persuasivos. A obra é um verdadeiro manual de relações humanas e, essas lições, sem dúvidas, podem ser de grande utilidade para tornar o movimento em prol da liberdade mais atrativo. Como, por exemplo, no capítulo “Um jeito simples de causar uma boa impressão inicial”, no qual ele ratifica que, mais do que palavras, ações devem ser tomadas. 

Devemos estar cada vez mais imersos em ações sociais, eventos comunitários, na cultura, dentro de escolas, e em todos os âmbitos imagináveis, para nos tornarmos ainda mais relevantes. Falar de pautas das quais as pessoas se identificam, em uma ótica libertária, é a chave para resistirmos às tentativas de cerceamento de liberdade e convencermos mais indivíduos. 

Uma ótima maneira de conhecer pessoas que comungam desses mesmos ideais, por exemplo, é participar da Liberty Con Brasil, a maior conferência liberal da América Latina, que irá reunir grandes nomes do movimento, além de ser uma ótima oportunidade para fazer amigos e construir projetos.  

Por fim, é necessário ressaltar que se você acredita que o país pode ser um lugar mais livre e deseja fazer parte disso, defenda a liberdade onde quer que esteja. 

“Nós somos quem escolhemos ser… por isso, escolha!”

– Homem Aranha


*As opiniões do autor não representam a posição do Damas de Ferro enquanto instituição

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