Mentalidade liberal – Uma saída para tempos de ansiedade

Particularmente acredito que não exista afirmação que seja mais auto evidente nos correntes dias, do que o fato de que vivemos em uma época embainhada de problemas de natureza psicológica, afinal, não é atoa que muitíssimos jovens aumentaram a procura por profissionais dessa área, mas afinal, qual relação esse fato poderia ter com a mentalidade de pensamento liberal?

O panorama social moderno

É seguro afirmar que o desenvolvimento do mercado e a industrialização que ocorreu no planeta desde o século XVIII, possibilitou a humanidade alcançar um grau de conforto material nunca antes imaginado, hoje um ser humano, de modo geral, pode comer, beber, vestir-se e ter uma moradia sem maiores problemas, consideramos um absurdo a fome hoje em dia, quando outrora o incomum seria o contrário, mas afinal quais as implicações desse altíssimo conforto material em nossas vidas?

Ora, compreendemos que o mundo tornou-se mais ameno ao ser humano em certa medida, mesmo que existam países como Cuba, Coreia do Norte ou até mesmo do continente africano que ainda sofrem com incontáveis problemas sociais, não podemos ignorar a existência de países como Noruega, Dinamarca ou Suécia, mas a implicação de tanto conforto material foi primeiro, a natural ascensão do niilismo.

O cálculo: custo x retorno

Indivíduos em um grau de conforto tão alto podem se dar ao luxo de buscar supérfluos para a sua vida, consideremos por um momento a função do estudo como exemplo, imagine o quão difícil seria conseguir um livro no século XVII, imagine o imenso esforço e a quantidade inimaginável de fatores necessários para se quer ter um indivíduo que seja capaz de ler e escrever, é fácil afirmar que em um mundo onde um livro é uma iguaria rara, qualquer oportunidade de acesso a leitura seja amplamente apreciada por aqueles que dispõem da mesma, correto?

Porém, hoje um indivíduo, mesmo que seja dado ao estudo, possui um grau tão amplo de opções de fácil acesso, que torna-se muito difícil manter o mesmo ardor e afinco da pessoa que vivia no século XVII, a indolência surge naturalmente dentro desse contexto, o esforço empreendido é muito maior para estudar do que para simplesmente ver alguns vídeos no celular, porém imagino possa passar em sua mente “essa afirmação possui alguma lógica, porém as pessoas sabem que é necessário se esforçar e estudar para obterem sucesso, não só profissional, mas pessoal também”, será que isso é verdade mesmo?

Pensemos o seguinte, qual a chance de um indivíduo obter o mínimo necessário para subsistência, considerando hoje em dia, a resposta por mais alarmante que possa ser é bem simples, não é necessário um altíssimo esforço para uma pessoa hoje em dia obter o mínimo necessário à subsistência.

Concordo que muitos não tenham nem sequer o mínimo, porém nosso foco está naqueles que possuem, o fato é que o ser humano não é um animal racional utilitarista, portanto pode ter certeza que a probabilidade de uma pessoa escolher os livros ao invés do celular é baixíssima, mesmo considerando o efeito positivo a longo prazo dos estudos, o prazer imediato é infinitamente mais atraente do que o esforço contínuo a longo prazo, é mais fácil comer um x-tudo do que fazer um dia na academia. 

O hedonismo é o caminho (?)

Considerando que hoje, vivemos muito melhor do que os reis do passado, podemos afirmar com segurança que uma vida totalmente hedonista não só é possível, como influenciada pelos meios e pela propria sociedade em si, ora quem recebe mais honrarias, tanto sociais quanto monetárias, celebridades de internet que não possuem nenhum grau de estudo e que vivem uma vida regrada de prazeres (mesmo que esses necessitem trabalhar com ardor para manter tal vida) tal qual a famosa festa da influenciadora Gkay, um prato cheio para dionísio, ou um grande intelectual renomado que gastar muitissimas horas do seu dia tentando compreender e solucionar problemas, onde este terá no máximo alguns reconhecimentos e é isso, nada de festas, nada de altissimar compensasões em dinheiro, nada de sexo, drogas & rock and roll.

Porém agora me coloco em uma situação embaraçosa, afinal já que é tão fácil viver hoje em dia, por que raios nós estamos tão depressivos, ansiosos, irritados e com medo do futuro, afinal uma vida fácil e hedonista não deveria levar a ondas intermináveis de prazer? O que dizer para aqueles que possuem tudo, mas ao mesmo tempo sentem como se não tivessem nada?

O caminho sem volta

Todos os indivíduos são maus, todos eles buscam explorar a você e não existe nada além de uma relação de interesses entre as pessoas, esqueça coisas como o amor, a paz, a ordem, o sacrifício, a bondade, Deus, esqueça tudo isso, nada disso é real, essas são apenas amarras que te torna dócil e frágil para a exploração dos mais fortes.

Toda essa palhaçada escrita acima é a perspectiva natural de um progressista dentro do mundo atual, frequentemente acompanhado de uma visão mais voltada ao socialismo marxista, em menor ou maior grau, os progressistas custam a acreditar que talvez o mundo não seja um lugar horrível onde eles sejam as vítimas, mas por que isso nos influencia?

Ao cairmos na retórica materialista de que o mundo não passa de um jogo de oprimidos contra opressores, caímos falsa sensação neurótica de que o mundo é um campo de batalha ideológico e de que nós precisamos abraçar a nossa causa, do contrário seremos escravizados pelos porcos capitalistas.

É uma questão de raciocínio básico, acreditar em mundo onde a bondade, o amor, a paz, a ordem e todos os fenômenos metafísicos são submissos a opressão de um grupo sobre outro leva o indivíduo a uma completa paranoia e acontece que essa é a situação de muitos hoje em dia, longe de mim afirmar que o mundo inteiro é ou progressista ou socialista, mas o fato é de que essa visão se contaminou em nossa realidade, nós nos tornamos céticos que odiamos qualquer sinal maior de virtude e odiamos aqueles que não acreditam na inquestionável opressão.

Sim, existe uma alternativa!

Mas é aí que o liberalismo entra no jogo, é óbvio que em uma sociedade onde individuos são delimitados pelo grupo que pertencem, heteros, gays, trans, mulheres, homens, negros, brancos, bipedes, fãs de unicornios com chifres cor de rosa que possuem calda laranja e etc, a filosofia do individuo quebra os paradigmas vigentes se apresentando como uma alternativa à essa loucura que sequestra a mentalidade individual e os leva a arregaçar as mangas.

Liberalismo não é autoajuda

O pensamento liberal, mais do que uma pequena filosofia de autoajuda, é uma forma de enxergar o mundo sem ideologismos intelectuais, o liberal apenas enxerga a realidade como ela é, não como ele acha que deve ser, ele não vê o mundo como bom ou ruim, como justo ou injusto, ele simplesmente vê o mundo.

A liberdade faz aquele que a cultiva por os pés no chão e compreender que, como Hayek nos ensina, a quantidade de informações disponíveis sobre o mundo é tão grande quanto a quantidade de pessoas que existem e caso algo não lhe agrade, literalmente a única opção que você tem para mudar isso é através do próprio esforço, sem coagir, ameaçar ou pegar em armas e derrubar a maldita burguesia exploradora.

O liberal não se vê como uma vítima do sistema opressivo, tão pouco acredita que não haja opressão, o liberal simplesmente compreende que, ao invés de tentar arrumar o mundo, ele deve começar arrumando o próprio quarto ou como diz Jordan Peterson “Arrume a sua cama antes de querer arrumar o mundo”.

Quando o individuo compreende que não existe uma divida histórica que lhe deve ser paga, que não existe um racismo estrutural que impede que você realize qualquer coisa ou que não existe um inevitavel machismo que faça que você não consiga absolutamente nenhum emprego, caso seja do sexo feminino, ele torna-se senhor do proprio destino, o liberal reconhece que a única chance que ele tem contra o mundo, é lutando contra ele de cabeça erguida, o liberalismo prega que o individuo é a menor minoria e como tal, ele deve ir atrás do seu próprio destino sem uso de coerção contra aqueles que discordam.

A ética da liberdade

O liberalismo te responsabiliza como indivíduo, sem culpar uma luta de classes, como liberal você se torna responsável por buscar a própria autonomia e construir o próprio futuro, o liberalismo endossa para si, um sentido de liberdade viva, a liberdade que alimenta a nossa alma.

A ética da liberdade é super simples de entender, você quer uma transformação no mundo? Faça, não reclame da opressão, que certamente existe, não bote a culpa nos outros, que certamente são culpados, não finja que o mundo lhe deve algo, a única coisa que o liberal quer é ser livre para seguir seu próprio caminho sem ser coagido por outrem.

A liberdade põe o indivíduo de volta no controle da própria vida, torna o indivíduo autônomo para buscar o próprio caminho, o hedonismo não se encaixa para aqueles que buscam o seus sonhos, a vida só possui sentido quando tem uma direção, mas só aqueles que controlam a própria vida podem achar essa direção, como liberal a única métrica que serve para o seus objetivo é uma. 

Não pise em mim!


Texto por Gabriel Barros

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