A Ideologia presente nas escolas

Nas últimas décadas, mesmo direcionando aproximadamente 6% do PIB para a educação, valor um pouco acima da média mundial de acordo com a lista divulgada pela OCDE, o Brasil vem piorando nos rankings mundiais de educação. 

Diversos países investem menos dinheiro na educação e mesmo assim estão à frente nas avaliações do PISA, avaliação de conhecimentos básicos aplicada pela OCDE. Isso mostra que o valor direcionado à educação não necessariamente condiz com resultados positivos, pois além dos recursos financeiros, há outros pilares que também precisam ser trabalhados. 

Existem diversos motivos por trás de resultados tão ruins, mas podemos elencar um deles: a ideologia cada vez mais presente nas escolas. É perceptível o quanto a educação básica, como o português e a matemática, estão sendo desvalorizados ao mesmo tempo em que a educação social passou a ganhar uma importância cada vez maior. Atualmente é possível encontrar diversos adolescentes, de maneira geral, que não conseguem interpretar um texto ou fazer um exercício de raciocínio lógico. 

Resultados alarmantes

Segundo o INEP, a nota média do ENEM de 2021 na prova de Linguagens foi de 501,83, Matemática 533,72 e Ciências da Natureza 491,05, sendo 1000 a nota máxima. Essas médias também incluem escolas privadas, onde o sistema de avaliação de desempenho é mais rígido do que em escolas públicas, ou seja, se fôssemos considerar apenas as escolas públicas tais notas cairiam ainda mais, o que deixa claro a defasagem no aprendizado. A progressão continuada aplicada em boa parte das escolas públicas é um exemplo de como conteúdos básicos estão sendo deixados de lado. Trata-se de aprovar os alunos nas disciplinas, mesmo quando não adquirem o conhecimento mínimo necessário para avançar para a próxima série.

Se por um lado os estudantes não aprendem direito português e matemática, por outro lado aprendem bem como separar grupos e classes sociais entre oprimidos e opressores ou a manifestar críticas e opiniões sobre assuntos sociais, políticos e econômicos com muita convicção. Em 2016, uma professora de sociologia de uma escola estadual de Curitiba, contra o movimento “Escola sem partido”, coordenou uma paródia da música Baile de favela citando Karl Marx e sua ideologia. No vídeo da música, que acabou viralizando na internet, é possível ver o quanto os alunos estão empolgados ao cantarem e exaltarem a ideologia marxista. 

Doutrinação clara

Mais recentemente, há poucos meses atrás, um aluno da escola Avenue em São Paulo foi humilhado pelo professor durante uma palestra da líder indígena Sonia Guajajara, que foi candidata a vice-presidente na chapa de Guilherme Boulos em 2018. Em um determinado momento da palestra, Sonia defendeu a “democratização” de terras por meio da desapropriação de propriedades privadas e diante dessa fala o aluno decidiu opinar contra a palestrante. Após expressar sua opinião, o professor interrompeu e humilhou o estudante, em seguida o professor foi aplaudido pela grande maioria dos outros alunos que estavam presentes. Vale ressaltar que se trata de uma escola privada e de elite. Episódios como esses têm se tornado cada vez mais frequentes em muitas escolas pelo Brasil. 

A ideologia também está presente nos materiais didáticos aprovados pelo MEC. Não é incomum encontrar livros de história e geografia abordando o capitalismo como um sistema que gera pobreza e injustiça, colocando os empresários e a classe rica como exploradores das classes mais pobres, ou que citam o comunismo sem mostrar as atrocidades e genocídios que ocorreram nos países que aplicaram esse modelo econômico no século XX. Em 2016, Fernando Schuler escreveu um artigo para a revista Época sobre o viés ideológico presente em vários materiais didáticos que ele próprio pesquisou e leu. 

Podemos encontrar diversos relatos de pais por meio das redes sociais a respeito da manipulação encontrada em livros escolares, alguns conteúdos mais escancarados, outros mais velados e discretos, o que é pior, pois é mais fácil do aluno cair na ideologia, já que só alguém mais preparado poderia notar o viés presente nos textos e imagens. 

O que há por trás da ideologia cada vez mais presente nas escolas e universidades? 

As crianças e os adolescentes passam uma boa parte do seu tempo nas escolas, desde os primeiros anos de vida até pelo menos por volta dos 18 anos, isso sem considerar o ensino superior. Por dia são pelo menos 5 horas, podendo chegar até 8 horas, caso a escola ou universidade seja integral. É muito tempo envolvido durante uma fase da vida que é de extrema importância para a formação e maturação do indivíduo. 

As escolas e universidades têm uma influência muito grande na formação de uma sociedade. A educação tem o poder de guiar uma nação, para o bem ou para o mal, e por esse motivo ter o controle dela é de grande importância para os ditadores e engenheiros sociais poderem aplicar seus projetos totalitários de controle social. E para isso, nada melhor do que implementar a ideologia no dia a dia dos alunos, pois assim é possível moldar as pessoas. 

A influência do governo nas escolas já aconteceu em diferentes momentos da história, como por exemplo, durante o nazismo Hitler excluiu qualquer visão contrária a sua ideologia nazista como forma de garantir que todos aprendessem e seguissem aquilo que ele pregava. Naquele período muitos livros foram queimados justamente para que ninguém tivesse acesso a pensamentos e visões de mundo diferentes, que colocariam em risco seu plano de poder.

Qual o papel da educação para o indivíduo e para a sociedade?

A educação tem um papel muito importante de ajudar as pessoas a enxergarem a realidade em diferentes contextos e situações, a identificar problemas e desafios que a sociedade enfrenta nestes contextos e entender como o conhecimento pode ajudar a solucionar tais desafios que aparecem na vida das pessoas. 

Claro que ninguém vai sair da escola salvando o planeta, mas espera-se que saia com o mínimo de conhecimento para ser um cidadão responsável e independente, que conseguirá minimamente resolver seus problemas cotidianos, com a possibilidade de seguir alguma profissão e ser útil para o meio em que vive, ajudando outras pessoas por meio do trabalho. 

Durante esse percurso ao se depararem com a realidade do mundo externo, o aluno também acaba entrando em contato com o seu mundo interno, através de identificações e afinidades com os assuntos e temas abordados. 

Além disso, no ambiente escolar há também a interação social com outros alunos. Por isso a educação também contribui para a maturidade, o autoconhecimento e o desenvolvimento de virtudes que irão fazer parte da formação da personalidade de cada indivíduo. 

Isso é muito importante para cada um trilhar o caminho que mais se identifica, desenvolvendo a sua história biográfica de forma única. 

Os perigos de confiar a educação ao Estado

O primeiro deles é a grande possibilidade de haver uma substituição da realidade, dos problemas e soluções baseados em uma visão de mundo objetiva, por problemas e soluções a partir do ideal de sociedade que o Estado busca alcançar, na grande maioria das vezes pautados em sentimentos e emoções, que não condizem com a realidade, afinal não é interessante para o Estado formar indivíduos que não dependam dele.

Outro risco é a desvalorização ou até mesmo a exclusão dos estudos de teorias ou temas que não são considerados interessantes ou que vão contra a ideologia do momento, o que acarreta em uma percepção enviesada ou fragmentada da realidade, sem contrapontos. 

E caso tais temas ou teorias sejam abordadas, o professor não explicará a teoria, mas sim emitirá uma opinião, que provavelmente será a que o Estado acredita. Podemos perceber isso ao ver que a grande maioria das escolas e universidades não chegam nem a citar teóricos que defendem a liberdade, e quando citam é de forma depreciativa, isso fica claro quando analisamos o número de citações de autores liberais em trabalhos de conclusão de curso e teses de mestrado ou doutorado.

Um outro resultado da educação nas mãos do Estado é a queda do aprendizado geral, como já mencionado no início do texto. Os resultados baixos nas avaliações do PISA e ENEM mostram que até mesmo conteúdos mais básicos, como a interpretação e compreensão de textos, não estão sendo aprendidos na escola. Isso mantém os indivíduos de certa forma ignorantes. Vemos isso acontecer mais frequentemente em países em desenvolvimento, como o Brasil. Não é do interesse de políticos burocratas que a sociedade tenha um sistema de educação que a torne inteligente, já que indivíduos ignorantes são mais fáceis de controlar.

Tal ignorância gera outro grande perigo que é a dependência cada vez maior das pessoas com o Estado. Aqueles que não conseguem questionar ou entender o que está acontecendo com sua vida, ficarão mais suscetíveis ao que “autoridades” falarem ou mandarem eles fazerem, muitas vezes acreditando que é o melhor para si ou que não há outras alternativas.

Há também o risco de haver um único modelo de educação ou apenas aqueles que o governo autorizar. Tal atitude desconsidera outros modelos que podem ser mais adequados para alguns grupos específicos, já que as pessoas são diferentes umas das outras. E isso consequentemente acaba excluindo várias pessoas, como por exemplo, pessoas autistas ou pessoas que seguem alguma religião com regras sociais específicas. 

A privatização é o caminho

A educação, principalmente nas escolas e universidades, é fruto da evolução da riqueza na sociedade. Hoje a grande maioria das pessoas tem a oportunidade de concluir o ensino médio e até mesmo o ensino superior, algo que alguns séculos atrás era raro e para pouquíssimas pessoas. Durante a revolução industrial era comum que adolescentes e crianças trabalhassem, inclusive o próprio conceito de infância como conhecemos hoje é relativamente recente na história da humanidade. 

A educação tem diferentes pesos na vida de cada um, para uma família que precisa trabalhar e ganhar dinheiro para sobreviver, a escola não terá a mesma importância que tem para uma família com condições financeiras melhores e com mais tempo para poder investir e escolher qual caminho seguirá e também há aqueles que irão optar em empreender e gerar valor para a sociedade, deixando de seguir modelos mais tradicionais. São muitos cenários e variáveis envolvidas na escolha da trajetória de um indivíduo, cada um terá sua particularidade, dificuldades, desafios, sonhos e objetivos.

Podemos encontrar outros inúmeros problemas gerados pelo controle da educação nas mãos do Estado, além dos que já foram citados neste texto, tais problemas reforçam a ideia de que ela não pode estar centralizada na mão de um órgão, muito menos se tiver ligação com políticos, como acontece no Brasil com o MEC, a solução para isso é a privatização e a descentralização da educação, os pais devem ter o direito de decidir onde querem que seus filhos aprendam e se desenvolvam, inclusive em casa por meio do homeschooling, se assim acharem melhor. Somente dessa forma poderemos ter uma sociedade livre de ideologias, ditadores e controles sociais. 


Texto por Luiz Diniz

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