Por que o liberalismo funciona?

Por que o liberalismo funciona?

Você deveria se tornar um verdadeiro liberal

Deirdre McCloskey, em seu livro “Why Liberalism Works: How True Liberal Values Produce a Freer, More Equal, Prosperous World for All”, conceitua que ser verdadeiramente liberal é ser anti-estatista e opor-se ao impulso das pessoas em forçar os demais. Para ela, a ética do liberalismo tem como base o bem para si próprio, o bem para os outros e o bem para o propósito transcendente de uma vida. 

Aborda-se a tríade de Adam Smith: igualdade, liberdade e justiça. Ela enfatiza que todos esses pilares apresentam igualdade e que a essência do liberalismo é derivada da igualdade de direitos naturais. 

A chegada do liberalismo foi difícil, mas ele se tornou um ideal inclusivo, democrático, pluralista e persuasivo, tal como é o melhor ideal teórico de um americano desde 1776. McCloskey conclui que o liberalismo não tem espaço para escravidão, coerção, conversa fiada, violência, intolerância, racismo, imperialismo, impostos desnecessários, dominação das mulheres pelos homens.

Neste interim, existem dois tipo de liberdades, as “negativas” – o direito de dizer não- e as ditas liberdades “positivas” – o direito de tirar algo dos outros para o seu próprio benefício ou de outros. Se todos reivindicam essas liberdades para si, todos ficam empobrecidos, tomando e tomando. Então, a intervenção governamental continua a aumentar, pois a ideia positiva é mais popular, em que tira-se leis individuais para leis com finalidades geral. 

Tanto a esquerda quanto a direita querem um estado grande, sem considerar a livre escolha ou as minorias. Os socialistas acreditam que o problema não é o Estado, mas sim a propriedade privada e lucrativa. Deirdre McCloskey esclarece como que governos honestos e competentes são raros, e que os economistas são obcecados em fornecer conselhos utilitários sobre decisões governamentais que muitas vezes desconsideram a liberdade. Ela argumenta que os impostos não são voluntários e que, embora a coerção às vezes seja necessária para prevenir o mau comportamento, ela deve ser usada com cuidado e supervisão.

Frisa-se que o “Novo Liberalismo” é considerado antiliberal por expandir o conceito de liberdade para englobar medidas que confundem a questão central da liberdade real, isso leva a um governo muito grande, que é apoiado pela tirania da maioria.  

McCloskey também compartilha sua jornada pessoal de uma economista keynesiana padrão para se tornar uma liberal moderna, como tornou-se evidente que a “proteção” governamental é regularmente corrompida para favorecer os ricos e atrapalha a inovação, impedindo as pessoas com novas ideias de competir no mercado. Destacando as consequências negativas dos regimes socialistas, inspirados pelo nacionalismo, que deixaram mais de cem milhões de mortos em sua busca pela racionalidade do planejamento econômico e pela honra nacional.

O liberalismo humano enriquece as pessoas

A liberdade e a dignidade humana foram essenciais para o desenvolvimento econômico e social, a Revolução Industrial e as inovações surgiram a partir delas. A autora destaca a China como um exemplo de como o liberalismo econômico pode transformar um país, e como as melhorias testadas comercialmente podem ajudar a salvar os mais pobres.  Mesmo diante desse cenário, há uma carga negativa que as “virtudes burguesas” adquiriram ao longo dos séculos.

No caso do liberalismo clássico em relação à pobreza e à desigualdade, a  autora defende que o governo deve ajudar as pessoas em situações de crise e desvantagem, mas que isso deve ser feito por meio de doações voluntárias ou vouchers para escolas particulares e aluguel de casas particulares, por exemplo. A pobreza deve ser eliminada por meio do crescimento econômico liberal, que permite que as pessoas sejam livres para arrumar empregos e gerar valor. 

Em tese, o liberalismo humanitário é ético e a política governamental deve permitir que as pessoas sejam adultas e responsáveis.

A preocupação com a desigualdade

Deirdre defende que a igualdade de resultados forçados é injusta e desumana, e que o verdadeiro liberal deve se preocupar com a garantia de oportunidades para os mais pobres, como o direito ao voto, à educação, à moradia e à igualdade perante a lei. O governo não é eficiente em prover serviços e que a coerção para tirar dinheiro dos ricos resultaria em perda de investimentos e emigração dessas pessoas, prejudicando a economia como um todo, assim como é ilógico defender a redistribuição de renda como solução para a pobreza. 

Para exemplificar o pensamento atual de muitos anti-liberais, a autora utiliza de exemplo o livro “O Capital no Século XXI” de Thomas Piketty, argumentando que ele ignora pontos essenciais em sua análise, como o capital humano e social, e que sua contabilidade de “capital” é estreita. 

Os pensadores econômicos de esquerda tendem a ter uma convicção enraizada de que melhorias testadas comercialmente são seriamente defeituosas, o que leva a uma recusa em quantificar o sistema como um todo. McCloskey destaca que a intervenção governamental proposta raramente é acompanhada por evidências de que funcionará, mas que isso não impede que os esquerdistas continuem a argumentar por essas intervenções. Por fim, esses pensadores frisam tanto acerca do pessimismo econômico, porque isso vende , as pessoas gostam de ouvir que o mundo está desabando, apesar de todo o progresso que tem sido feito.

Piketty, por exemplo, é obcecado com a ideia de herança e ignora a importância do lucro empresarial e do inovismo para o enriquecimento dos pobres. Assim como Ricardo, Malthus e Marx, cujas previsões falharam. Já que uma economia em constante mudança requer esforço e foco constantes por parte dos humanos, e que isso é mais provável de ser evocado por humanos que possuem capital, trabalho e terra, do que por planejadores centrais remotos.

Infelizmente, existe uma tendência europeia de seguir governos populistas e ideias igualitárias, ao invés de se concentrar na desigualdade monetária, a principal preocupação deve ser com os baixos rendimentos dos jovens, que são uma das principais fontes de desigualdade. McCloskey discorda da ideia de reduzir os salários dos jogadores de futebol, pois isso não reduziria os preços dos ingressos e apenas aumentaria a renda dos ricos proprietários dos times. Além disso, afirma que precisamos permitir que os tipos de Bill Gates cresçam em paz, bem como os pequenos empreendedores, ou então todos serão pobres. 

O perigo de alguns pensamentos

 Os intelectuais tiveram três grandes ideias, 1755-1848, uma boa, duas terríveis, o autor discute as três principais ideias que os intelectuais tiveram naquele período. A boa ideia veio de figuras como Voltaire, Tom Paine, Mary Wollstonecraft e Adam Smith, que defendiam os ideais liberais de liberdade individual, igualdade e justiça.

No entanto, horríveis ideias que surgiram foram o nacionalismo e o socialismo. O nacionalismo, entrelaçado com o romantismo, promoveu a coerção coletiva, enquanto o socialismo defendeu o planejamento central e à regulamentação governamental. Ela brinca que um comunista é um socialista apressado, um socialista é um regulador apressado e um regulador é um político corrupto apressado.

A palavra capitalismo

Segundo a autora a palavra “capitalismo” teria uma cunhagem marxista, os seguidores de Marx começaram a utilizá-la, já que a acumulação de capital, segundo eles, é a mola do relógio da modernidade. Ela discorda já que  a acumulação do “capital” não é o fato exclusivo da modernidade, na verdade, o que motivou o enriquecimento foram novas ideias para investir. É necessário capital, mas essencialmente ideias para enriquecimento. Tanto que o erro da América Latina é que os governos têm como pressuposto que as pessoas pobres são desprovidas de ideias, e apenas os licenciados universitários ou os políticos populistas têm ideias. 

O laissez-faire

O laissez-faire está sempre sob ataque. Interferir nos negócios de outras pessoas é atraente para os autoritários. (Pergunte a si mesmo agora: você é um deles? Se sim, por quê?).

Sim, eu sei que você acredita que Reagan e Thatcher eram monstros que odiavam os pobres e os empobreciam. Mas olhe para os números. A renda real per capita dos mais pobres entre nós aumentou acentuadamente desde, por exemplo, os admirados anos 1950. Em 1956, uma geladeira custava 116 horas de trabalho para ser comprada. É por isso que, na década de 1950, muitas famílias americanas pobres não tinham uma, e nenhuma no Reino Unido. Agora, uma geladeira custa 15 horas de trabalho e usa menos eletricidade.

Os grandes exemplos modernos de melhorias por meio do liberalismo econômico são a China e a Índia. Mas o maior exemplo do bem econômico do liberalismo é histórico, a Revalorização Burguesa, como a chamo, apoiada por uma ideologia liberal nascida no século XVIII, que apesar de todos os ataques dos estatistas, especialmente no século XX sob o socialismo e o fascismo, levou ao mundo moderno.

Os progressistas modernos não conhecem a história e pensam enquanto lêem, bebem e viram a página que aumentar o salário mínimo ajuda os pobres. Não ajuda. Prejudica os mais pobres, em auxílio, por exemplo, aos sindicalistas.

Sobre feminismo e gays 

Deirdre se declara feminista e tenta mostrar a viabilidade e desejabilidade de um feminismo liberal. Ela traça a história da entrada das mulheres nas fábricas, dos salários e de como isso alterou a organização familiar e argumenta que a libertação das mulheres está relacionada ao retorno ao mercado de trabalho. Além disso, ela rejeita a visão simplista de que homens e mulheres são diferentes. 

E sobre a comunidade gay, diz que o Estado foi o principal inimigo dos gays, não o mercado, já que a coerção vem do Estado, e foi o que afastou os gays e impediu sua liberdade de expressão. Por outro lado, o mercado não é uma forma de coerção, mas sim uma forma de atender às necessidades das pessoas. Portanto, o mercado não oprimiu ou impediu a liberdade das pessoas de serem gays.

Sobre salário mínimo e desemprego

O salário mínimo é prejudicial e atinge principalmente os mais pobres, com a imposição do salário mínimo pelo Estado, há a redução da oferta de empregos, principalmente para trabalhadores jovens e inexperientes, e aumenta a taxa de desemprego entre os negros. A autora afirma que muitos economistas e não economistas rejeitam esse argumento, confundindo o salário mínimo voluntariamente oferecido com o salário mínimo imposto pelo governo. A conclusão é que a imposição do salário mínimo é uma forma de coerção que prejudica a economia e a liberdade individual.

Muitos pregam que até medidas tecnológicas estão roubando empregos, para tirar a atenção das medidas governamentais que de fato levam a essa consequência do desemprego jovem causado pela regulamentação excessiva do mercado de trabalho.

Inclusive, o keynesianismo defende a ideia de criar empregos aleatoriamente através de projetos não lucrativos. Os projetos estatais grandiosos, como ferrovias de alta velocidade e empresas não lucrativas, compram poder e prestígio com o dinheiro dos contribuintes, criando empregos que não deveriam existir e deixando as pessoas mais pobres.

Sobre meio-ambiente

A autora critica o extremismo ambientalista que trata o meio ambiente como uma religião e alerta para o perigo de aumentar as regulações ambientais, que podem levar a erros de planejamento central. O mercado livre e a propriedade privada já incentivam a proteção dos recursos naturais. 

Conclusão 

Neste livro, há a abordagem de diversos temas pela visão liberal em contraposição a esquerdista intervencionista. Inclusive acerca de discussões polêmcias e ideias discutíveis da autora dentro da própria comunidade “laissez faire”

Em tese, vamos levar em consideração o grande esforço ético e intelectual da autora em nos mostrar o quanto é importante defender a liberdade, a prosperidade e a igualdade de direitos em uma sociedade. Sejamos todos liberais. 


Stephanie Teixeira

1 comentário em “Por que o liberalismo funciona?”

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