Os pobres não precisam de ajuda

É notável que há uma discussão muito grande a respeito de programas assistencialistas por parte dos governos e até vemos uma grande unanimidade na defesa da ideia, afinal, quem seria contra dar apoio às pessoas da camada mais baixa e sofrida da sociedade?

Quando olhamos para a população carente vemos o quão significativo é para a sobrevivência das famílias os auxílios concedidos pelos governos, mas por um outro lado podemos perceber que o mesmo governo que oferecem-os na situação de miséria, é justamente aquele “ausente” quando o assunto é acesso a infraestrutura de qualidade, a educação, a saneamento básico, a saúde e etc. Isso levanta a seguinte indagação: será que o problema da pobreza no país é fundamentalmente falta de recursos financeiros para a população?

Aprofundando no problema

Na tentativa de resolver essa questão, nos ausentamos de debater o assunto que abrange a causa da pobreza em si, pois é fácil pensarmos em auxílios para amparar os indivíduos em situação de carência sem cogitar a chance de mudar aquela realidade para que ao longo prazo, não seja necessário tê-los. 

E é aí que se encontra o primeiro problema, não é do interesse dos governos resolverem as questões  que causam a pobreza, pois é justamente esses problemas  que condicionam esses grupos a precisarem  mais dessa “ajuda”, votando ou mantendo no poder aqueles que prosseguem ou oferecem esses programas assistencialistas. Podemos citar aqui uma declaração do economista Thomas Sowell que ilustra bem essa situação:

“Ninguém entende de verdade a política até compreender que os políticos não estão tentando resolver os nossos problemas. Eles estão tentando resolver seus próprios problemas – dentre os quais ser eleito e reeleito são número 1 e número 2. O que quer que seja o número 3 está bem longe atrás”.

– Thomas Sowell

Mas afinal, quais são as causas da pobreza?

Entre diversos fatores, as principais são as regulações disfarçadas como proteção, sejam elas na educação, na saúde, nos contratos trabalhistas e outros mais, aumentando custos e causando assim efeito reverso, tornando inviável bens e serviços de qualidade por preços acessíveis. 

Tudo isso evidencia que não é apenas a falta de recursos financeiros que condiciona a população mais carente à sua própria carência, mas a falta de liberdade para melhorar seu próprio estado, não podendo ser contratado por um salário abaixo do pré estabelecido por um burocrata ou não podendo obter uma educação efetiva correspondente a sua realidade econômica local, por não esta condizente com a grade curricular vigente no país que desconsidera as várias realidades diferentes de cada região.

Não podemos deixar de citar, que nem todos recursos destinados para pessoas em situação de vulnerabilidade, chegam às mesmas. Há vários casos sobre pessoas que recebem algumas assistências de forma indevida que seriam destinadas a outras pessoas, pelo simples fato de terem contato ou proximidade com os componentes dos órgãos responsáveis por distribuir esses benefícios. Só esse fator já não legitima o ato de “ajudar os pobres” por parte do governo, pois os infratores muitas vezes não sofrem consequência pelos seus atos como deveriam por pertencerem a organizações do governo.

O problema da inflação

Como dissemos há fatores que delimitam a capacidade de um indivíduo ter mobilidade social, sendo estes criados ou turbinados pelo governo. Há um fenômeno que torna ainda mais devastador a realidade da população em geral, especialmente a dos mais necessitados, que é o efeito inflacionário

Essa é uma daquelas práticas de “bom-moço” que citamos acima, que vende a ideia de um benefício mas na verdade é um grande dano irreparável. Quando o governo aumenta a oferta monetária no mercado por meio de juros baixos sem ter o aumento proporcional na produção do país, ele acaba tornando os bens e serviços mais escassos, ficando cada vez mais caro obtê-los. 

E os primeiros recebedores desse “novo dinheiro” criado pelo governo, vão ter mais acesso a riquezas por um preço menor em detrimento dos últimos recebedores, que quando receberem as “cédulas novas” na mão, tudo estará caro, impossibilitando o acesso até mesmo a recursos básicos com a desvalorização do valor da moeda. Esse fenômeno é conhecido como Efeito Cantillon.

Tendo em vista esse cenário,  o que podemos fazer?

Conhecimento é o básico para evolução de uma sociedade, e é através do mesmo que devemos criar ambientes no intelecto dos povos  que alimentam a auto suficiência, o reconhecimento de serem capazes de transformar suas realidades sem um terceiro determinando o tempo, o processo e nem os recursos para isso. 

Munir-los do saber sobre os fatores que os prejudicam, já é um bom passo dado, pois é reconhecendo os obstáculos para uma nação próspera que podemos derrubá-los com facilidade, tornando o mundo um pouco mais livre. 

Quando temos a consciência de sermos responsáveis pelo meio que vivemos, acabamos não terceirizando moralmente a segurança do miserável ao governo, tendo para nós o dever de melhorar a vida alheia seja através de ações sociais com grupos ou movimentos,  ou com o  mercado, criando empregos e oferecendo bens, serviços e produtos. É a liberdade que garante a dignidade aos homens, e é nesse sentido que podemos afirmar que o pobre não precisa de ajuda, mas sim precisa ser livre.


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