Quem dera ter dado importância antes, mas ainda tive tempo.
Pena dos que não perceberam
E mais tarde,
Das perdas e escolhas passadas,
Por si e pelos demais,
A……As mágoas,
Por si perderam.
“ Ah, juventude! Juventude! Você parece não ligar para nada, parece possuir todos os tesouros do universo, até a tristeza lhe traz contentamento, até o desgosto lhe cai bem, você é confiante e ousada… E talvez todo o segredo de seu encanto consista não na possibilidade de fazer tudo, mas na possibilidade de pensar que você fará tudo”.
Turguêniev nesse trecho descreve a potência de ser jovem, bem como sua ousadia e imprudência. Talvez a polidez seja necessária, mas onde estão os jovens que sonham alto e se esforçam para alcançar e questionar o que parece distante?
Cada indivíduo é uma fonte de energia e ela opera através do seu controle, nada pode controlá-la sem ser você mesmo. Diante disso, chega-se a conclusões que têm imensa coesão com os valores liberais: o indivíduo deve ter o controle sobre si mesmo, já que possui uma energia natural que é controlada por ele, consequentemente é responsável por suas ações, é um ser racional que é capaz de gerar conhecimento científico e é capaz de invenções absurdas para manter sua sobrevivência.
Outro ponto importante, as pessoas têm uma energia limitada e por esse motivo devem se associar de forma voluntária com os demais, de modo que os dois ganhem com a relação e consigam sobreviver por mais tempo e da melhor forma. O que se conecta com a razão de não guerrear e ferir o outro, já que poderiam estar cooperando, além de não tentar de modo compulsório e autoritário controlar a energia dos outros.
Essas ideias foram muito bem detalhadas e explicadas pela Rose Wilder Lane e se analisarmos é um motivo de, por questão de princípios e valores liberais, se esperar que o jovem consiga se lapidar a ponto de usar da melhor forma essa energia natural, de poder criar as melhores condições para sua vida bem como usufruir da livre associação e trazer algo de bom ao mundo.
Observo que ao longo do tempo isso se perdeu, talvez seja uma afirmação extrema, porém a estagnação de jovens e suas energias adormecidas de hoje deixariam Lane ou até o personagem Howard de Rand certamente decepcionados. Lane por seu esforço na difusão de ideias e o personagem Howard pelo fato de que nada parece ter mudado em décadas desde seu discurso sobre os medíocres perante a corte:
“A civilização é o processo de libertar os homens uns dos outros. Agora, na nossa época, o coletivismo, o reinado do parasita que vive à custa dos outros e do medíocre, o monstro antigo está à solta e correndo descontrolado. Ele levou os homens a um nível de indecência intelectual nunca igualado na face da Terra. Causou horror numa escala sem precedentes.”
É entendível que respeitar o indivíduo pressupõe aceitar que ele detém escolhas sobre seu futuro e que não precisa necessariamente ter como objetivo o extraordinário. Entretanto, abre-se o questionamento: isso não é apenas uma manifestação do que consta no livro de Natsume Soseki?, onde o protagonista vive a vida apenas deixando as horas passarem e, não se permite grandes ações por ser trabalhoso e ou se considerar velho para isso. Diz Soseki:
“ Ele não era um dos capazes de passar pelo portão. Por outro lado, também não era um dos que se contentariam em não passar. Em suma, era um sujeito desafortunado que , paralisado junto ao portão, não tinha o que fazer senão aguardar pelo fim do dia”.
Alguns questionamentos deixo aqui, o primeiro é: Você está em busca de sua melhor versão?
E o outro talvez seja: Você se impede de sonhar por desculpas vãs?
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Texto por Stephanie Gonçalves
Arte por Tailize Scheffer