Primeiro, é necessário que tu percebas a tua relação com os teus objetivos. Na vida, com quanta antecedência tu fazes algo? Fazes logo ou deixas chegar a véspera?
Segundo Christian Barbosa, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e que ficou milionário aos 18 anos, as pessoas normalmente deixam tudo para a última hora.
Christian é autor do livro “A Tríade do Tempo”, sobre gerenciamento de tempo, onde o professor elenca três tipos de tarefas que devemos para fazer:
- Importante (azul);
- Urgente (vermelho);
- Circunstancial (amarelo).
Essa classificação exclui os compromissos — que possuem hora marcada e caráter, muitas vezes, obrigatório. Logo, as tarefas se referem ao que tu podes escolher realizar, com alguma liberdade quanto ao horário para o cumprimento.
Nesta proposta de organização, as cores são úteis para simplificar a visualização do usuário, que pode utilizar até mesmo aplicativos mobiles e softwares, como o Google Agenda.
Para entender melhor a aplicabilidade de cada tipo de tarefa, Christian as descreve da seguinte forma:
- Importante (azul): gera resultados de longo prazo;
- Urgente (vermelho): precisa ser feito o mais rápido possível;
- Circunstancial (amarelo): afazeres domésticos em geral, compras no supermercado, passear com o animal de estimação, entre outras atividades.
Assim, é possível compreender que esta categorização funciona como um atalho para a facilitação do raciocínio. O autor reitera que o foco deve estar em “Importante”, a qual precisa ocupar o maior espaço na agenda.
Se estás sempre “apagando um incêndio”, não tens tempo para o que de fato é importante, como no exemplo:
“Tenho prova amanhã. Depois vou fazer o artigo que tenho cinco dias para enviar. Amanhã mesmo vou terminar meu currículo, porque o prazo é até meia noite.”
Note que eram tarefas importantes, por agregarem ao longo prazo, mas que se tornaram urgentes pela condição temporal imediatista, as quais as entregas requerem.
Portanto, uma agenda demasiadamente ocupada por urgências, é uma agenda descompromissada com o sucesso. Ou seja, se queres ter sucesso, é necessário fazeres com antecedência, prospectando resultados de longo prazo.
Então, surge a seguinte reflexão: se sabemos que devemos agir com antecedência, por que deixamos para a última hora?
A psicologia busca explicar essa questão por meio do comportamento humano. Somos “curtoprazistas”, ou seja, pensamos, sentimos e agimos em curto prazo, conforme demonstrado no teste a seguir.
O “teste do marshmallow”
Na década de 1960, o psicólogo Walter Mischel decidiu fazer um teste para avaliar o nível de autocontrole de um grupo de crianças. Esse experimento ficou conhecido como o “teste do marshmallow”.
O experimento consiste em colocar um marshmallow na frente da criança e propor: “se você olhar 15 minutos para o marshmallow e não comer, eu vou lhe dar outro e você ficará com dois marshmallows”.
O interessante teste revelou que a maioria das crianças comeram logo e não aguentaram esperar os 15 minutos. Como o experimento foi realizado na década de 60, essas crianças cresceram, se tornaram adultos e entraram em suas devidas carreiras.
Em uma oportunidade especial, anos depois, os participantes da pesquisa puderam encontrar uma correlação impressionante entre o passado e o presente. As crianças que conseguiram esperar 15 minutos pelo segundo marshmallow se tornaram adultos de sucesso.
O resultado final mostrou que as pessoas que têm potencial de pensar no longo prazo se preparam com antecedência e conquistam excelente performance.
No texto, até o momento, entendemos que o correto a se fazer, de acordo com Christian Barbosa, é agir com antecedência. Além disso, Walter Mischel, por meio da observação do comportamento humano, demonstrou nossa predisposição ao imediatismo.
Agora, precisamos saber como vamos corrigir a rota. Já darei a dica, mas antes uma breve reflexão: para que serve aprender a olhar ao longo prazo? Para tudo o que vale a pena.
O que se ganha no curto prazo — não necessariamente por critério de urgência — são prazeres e confortos temporários. Seja uma festa, um lanche do delivery, gastos com itens supérfluos.
Afinal, ao longo de uma vida são construídos relacionamentos, saúde, conquistas profissionais, dinheiro bem aplicado para gerar prosperidade, entre outros pilares que constituem a verdadeira felicidade.
Pelas reflexões acerca do assunto e ótimas proposições, eu agradeço a Christian Barbosa e a Walter Michel, mas ainda precisamos entender como vamos obter comportamentos melhores, focados em resultados — inicialmente de médio e posteriormente de longo prazo — e como agiremos com antecedência.
Processo e eudaimonia
Para essa missão, introduzo Aristóteles, pela sua palavra própria de definição à felicidade: eudaimonia.
Eudaimonia quer dizer excelência de si mesmo. Foi quando Usain Bolt completou 100 metros rasos em nove segundos e 69 milésimos, em 2008, ou quando César Cielo fez 20 segundos e 91 milésimos em 2009, nos 50 metros livres. Ambas marcas jamais alcançadas até hoje.
A constante superação de si mesmo é um anseio pela superação, pelo propósito de alcançar melhores posições e se aperfeiçoar.
Pare para pensar: será que esses atletas começam a se preparar às vésperas da Olimpíada? Para eles não existe final de semana, não têm folga, não existe happy hour. Como eles conseguem?
Sobre o que Aristóteles disse, meu entendimento e minha interpretação levam a conclusões lógicas, que expõem o apreço dos atletas pela micro evolução diária. Um centésimo a mais é suficiente para passar a semana feliz.
Eles não esperam o pódio para serem felizes. São felizes ao longo do processo, pela evolução no processo. Eles vivem e medem cada etapa.
Sem cronômetro, como seria possível saber a evolução no alcance? Desse modo, é fundamental ter as medidas para que se consiga perceber o desenvolvimento no dia a dia e semana após semana.
Veja que isso é entender que é necessário ter comportamentos e realizar ações que visam o longo prazo. Ou seja, ao pensarmos desta forma, conseguimos ter prazer já no curto prazo, já durante a jornada, sem precisar esperar para que os objetivos e desejos se concretizem para sermos felizes.
Portanto, reconheça tuas conquistas, comece a medir teu desempenho, reconheça tua evolução, compare tuas vivências contigo mesmo. Assim, farás companhia para mim, que estou no mesmo caminho de buscar, cada vez mais, reconhecer o que eu faço a cada dia, ao me comparar menos com outros e mais comigo mesmo, diariamente.
Considero quem eu era semana passada, quem eu sou hoje e quem eu pretendo ser na semana que vem. Quanto mais superamos a nós mesmos, mais somos felizes e alcançaremos o estado de eudaimonia.