“A Dama de Ferro do mundo ocidental? Uma combatente da Guerra Fria? Concordo, se é assim que interpretam minha defesa dos valores e liberdades fundamentais”
– Margaret Thatcher
Ao ser apelidada de “Dama de Ferro”, o que definitivamente não foi pensado como um elogio, Thatcher respondeu com a coragem e honestidade que, certamente, lhe renderam este apelido. Ao ler esta frase, no entanto, não pude evitar e me questionei: quantas pessoas, atualmente, responderiam de forma semelhante?
Defender os seus valores e agir de acordo com princípios bem definidos tem sido algo cada vez mais complicado, especialmente para uma geral cujo maior objetivo é ser amado e ser aceito. Quando eu era criança a última coisa que meus colegas que sala queriam ouvir eram modas de viola e música country, mas este era o meu gosto musical, eu não mudei, só evitava tocar no assunto. Eu sabia o que viria em seguida e pensava ser melhor seguir o conselho do querido Carteiro Jaiminho e “evitar a fadiga”.
Na minha época de escolha nós não levávamos caixas de som para ouvir música no intervalo, então era muito mais fácil evitar os ritmos indesejados, atualmente, no entanto, muita gente finge amar o que odeia para manter o status social. Muitos fazem o esperado, dizem o que o outro quer ouvir e, por vezes, se omitem em questões importantes por este mesmo motivo. A diferença é que, neste caso, estamos falando de adultos.
Mas, o que isso tem a ver com a liberdade? A resposta pura, simples e terrivelmente direta é que nenhum covarde jamais conquistou ou manteve a liberdade. E se Thatcher se calasse por medo do confronto? Alguns argumentam que ela poderia ser mais suave, ao que eu respondo: por que não disseram o mesmo a Stalin? O Homem de Aço da União Soviética tinha seus valores, por mais terríveis que fossem, em lugar de extrema importância e lutaria pelo seu sistema de governo com a vida se preciso fosse.
Se quem luta em favor da tirania não desiste, não se cansa e não desvia de seus objetivos, quem luta pela liberdade deve ter disposição e disciplina ainda maiores, afinal, este é o valor e o direito mais importante a ser defendido.
Este não é um convite ao combate violento, nem mesmo uma licença para que você saia dizendo as coisas certas de maneira errada, é um lembrete de que jamais seremos bem-sucedidos se não compreendermos que a coragem, como a racionalidade, são essenciais na luta pela liberdade. É preciso agir de maneira inteligente estratégica, sem permitir que as emoções formem neblina sobre nossa capacidade de análise das situações.
Coragem, sem racionalidade, é um desperdício de força e energia humana, uma irreparável perda de tempo sem a menor chance de sucesso. Por isso os covardes são presos pelos próprios medos, e os irracionais pelos seus sentimentos, suas milhões de emoções e as meras percepções (miragens da mente) que ousam chamar de realidade.
Sem o equilíbrio destes destas duas importantes características deixamos de ser indivíduos com personalidade e identidade que litam por sua liberdade, para nos tornarmos escravos dos objetivos e sonhos alheios.
“Eu guardo meus tesouros: meus pensamentos, minha vontade, minha liberdade. E o maior deles é a liberdade.”
– Ayn Rand
O apelido de Thatcher virou símbolo de uma figura histórica que venceu a batalha contra o Autoritarismo e os objetivos da União Soviética com firmeza, coragem e sabedoria. Qualquer que seja a intenção de quem o criou, o termo Dama de Ferro é símbolo de honra e, desde sua concepção, a Primeira-Ministra mais famosa da história inglesa compreendeu o seu real significado.
Quantas pessoas sucumbem à pressão coletivista e desiste de suas características, de sua identidade, de sua própria voz e, o que é pior, de sua liberdade? Quantos se calam diante da tirania? Quantos, por medo, deixam de seguir o exemplo de Margaret Thatcher e tantos outros indivíduos que mudaram o curso da história?
Reafirmo: os covardes nem conquistam nem mantém a liberdade, e acrescento, os irracionais jamais poderão compreendê-la pois, presos nas suas ilusões, não reconhecem a realidade. Portanto, o caminho para a liberdade deve ser trilhado com coragem e racionalidade, equilibrando-as a cada passo.
*As opiniões do autor não representam a posição do Damas de Ferro enquanto instituição.