Afinal, o que é macroeconomia e como ela influencia o nosso dia a dia?

Afinal, o que é macroeconomia e como ela influencia o nosso dia a dia?

Nós temos o costume de ouvir, principalmente se você é minimamente versado em economia, sobre índices macroeconômicos ou termos parecidos com isso, porém nós agimos muitas vezes como se isso fosse algo dado, no entanto é extremamente comum a falarmos sobre tais índices e situações da macroeconomia como se fossem algo abstrato e fora da nossa realidade, porém esse é um erro que não deve ser cometido, afinal de contas a economia, de todas os corpos organizados de conhecimento é um dos que mais influencia diretamente as nossas vidas.

A taxa de juros

Talvez você tenha ouvido falar recentemente que o Comitê de Política Monetários (COPOM) reduziu a taxa de juros base do Brasil, a taxa Selic, em 0,5 pontos percentuais, ou seja 0,5%, porém o que isso significa de fato?

Primeiro, precisamos compreender exatamente o que é a taxa de juros, dentro de uma perspectiva econômica pragmática, muitos economistas costumam tratar a taxa de juros como “o preço do dinheiro”, em outras palavras, quanto custa para você conseguir angariar dinheiro para você?

Entendendo o que significa a taxa de juros, podemos fazer uma possível inferência, se a taxa de juros está mais alta o dinheiro está mais caro, porém se ela está mais baixa o dinheiro está mais barato. É possível pensar que a partir disso poderia chegar-se a conclusão “ok, então é sempre melhor a taxa de juros está mais baixa, certo?”, porém a resposta não é tão simples.

A inflação

Normalmente a manipulação das taxas de juros por parte dos bancos centrais é utilizada como instrumento de política monetária para controlar a tão famosa inflação, mas assim como fizemos com a taxa de juros, faremos o mesmo com a inflação. O que de fato é inflação?

Você possivelmente já ouviu falar que a inflação é “o aumento dos preços na economia”, porém isso é apenas parte da resposta, afinal o aumento dos preços é uma consequência da inflação, efetivamente falando, a inflação é a perda do poder de compra da moeda, ou seja, no passado com R$100,00 você conseguia comprar uma cesta com 20 produtos, porém atualmente esses mesmos R$100,00 compram uma cesta com apenas 10 produtos, logo pode-se dizer que a moeda perdeu 50% do seu poder de compra, isso é inflação.

Mas como a moeda perde o poder de compra? Bom, a resposta está no próprio nome do termo, através de um inflacionamento da oferta da moeda na economia por parte dos bancos centrais, imagine a seguinte situação: eu possuo R$50,00 e você R$10,00 e nós queremos um produto que custa R$50,00, você concorda que apenas eu serei capaz de comprar esse produto certo? 

Porém, suponha que o governo decida imprimir moeda e nos disponibilizar R$40,00 complementando o que faltava para você poder comprar o produto, bom nessa situação temos um problema, afinal apenas um de nós conseguiria comprar esse produto único, porém agora ambos conseguimos, como o vendedor irá decidir para quem ele irá vender? 

Bom, pelo fato de ter apenas um produto, o vendedor será obrigado a aumentar o preço deste produto, assim equilibrando a oferta em comparação com a demanda. Por mais simples que esse exemplo seja, esse efeito ocorre diariamente na nossa economia, logo quanto mais oferta de moeda há na economia maior será a demanda por bens e serviços, porém sem um aumento na oferta desses mesmos bens e serviços, nós teremos a inflação.

Logo, por isso os bancos centrais alteram as taxas de juros, quando o dinheiro está muito barato, logo com um aumento muito grande da demanda, os bancos aumentam essa taxa para diminuir a quantidade de dinheiro na economia, equilibrando os mercados novamente e vice -versa. 

É importante lembrar que não é necessário que um banco central exista para que esse equilíbrio de mercado seja feito, inclusive é argumentado que o próprio banco central influencia negativamente nesse equilíbrio, o que está sendo exposto aqui é o que acontece na prática.

A geopolítica

Certo, mas muitas vezes o que acaba influenciando a situação de um país não são questões meramente internas, mas externas e situações geopolíticas são uma dessas. É importante lembrar, o que é uma situação geopolítica, ou melhor, um conflito geopolítico? 

É simples, conflitos que ocorrem em decorrência da situação territorial e política de países acabam sendo entraves geopolíticos, uma situação recente que serve de exemplo é o conflito entre Rússia e Ucrânia.

Por exemplo, o Brasil é privilegiado comparado ao resto do mundo por não sofrer com conflitos geopolíticos e é importante não confundir isso com política interna, o Brasil tem problemas claros na política interna do próprio país, porém nós não temos tensão nem possibilidade de conflito com qualquer um de nossos vizinhos, diferente de Rússia e Ucrânia ou China e Taiwan.

Ok, mas como isso influencia a nossa vida e a economia? É simples, com o aumento da tensão geopolítica nesses países, investidores do mundo todo começaram a olhar com mais atenção para os países emergente como Brasil, México, entre outros, afinal para aqueles investidores da Ucrânia, por exemplo, do dia para noite o país deixou de ser um ótimo pólo exportador de fertilizantes para um país em guerra, com isso afetando toda a cadeia produtiva deste produto.

A política

De fato, o Brasil não tem probabilidade de ter problemas com os seus vizinhos, mas e os problemas internos que nós temos? Aí é que entra a variável política no jogo. Você sabe porque o Brasil não tem uma linha de produção fortíssima em petróleo? Porque não é confiável investir nessa linha de produção aqui.

Produzir petróleo é algo extremamente caro e que leva muito tempo, décadas, porém o Brasil é um local com um alto potencial para a exploração dessa commodity, no entanto nós não as exploramos porque falta investimento, afinal nenhum investidor em sã consciência vai investir em um país onde mal consegue prever o que irá acontecer no congresso daqui a 4 anos, quem dirá 20 anos.

Que garantia um investidor externo terá que os seus investimentos no nosso país não serão estatizados por algum governo? Ou que haverá algum tipo de subsídio que impedirá o processo de mercado funcionar livremente? 

Bom, o problema para o Brasil é que essas garantias não existem e o investidor tende a não confiar no nosso país, pela nossa situação política atual e passado, o nosso histórico testifica contra nós, não a favor.

Conclusão

Existem outras muitíssimas variáveis que possam influenciar a nossa macroeconomia, porém essas já são suficientes para entender a complexa teia que envolve a nossa economia e política dentro de um cenário mais amplo chamado macroeconomia, é sempre importante lembrar que nós provavelmente temos muito menos conhecimento do que nós achamos ter.


Gabriel Barros

* As opiniões do autor não representam a posição do Damas de Ferro enquanto instituição.

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