O Verdadeiro Liberalismo Protege os Direitos dos Trabalhadores

O liberalismo que defendo, enraizado no individualismo, nos direitos naturais e na liberdade de mercado, não é o espantalho que a esquerda costuma atacar. Alguns progressistas conhecem a teoria liberal e a rejeitam de forma consciente, por acreditarem na luta de classes e na revolução. Mas muitos repetem essa crítica por estarem convencidos de que o liberalismo é a causa direta do sofrimento que vivem: jornadas de trabalho exaustivas, políticos e empresários conservadores corruptos, serviços gratuitos e públicos de péssima qualidade. O que chamam de liberalismo é um simulacro distorcido, onde o mercado é manipulado, a liberdade é privilégio de poucos e a política funciona como mais uma engrenagem de opressão.

O verdadeiro capitalismo valoriza quem produz, seja o CEO no escritório, seja o operador de máquinas no chão da fábrica, cada qual remunerado de acordo com a sua produção de valor. Em A Revolta de Atlas, a autora Ayn Rand apresenta como o motor do mundo é movido pelos indivíduos que pensam, criam e fazem. Ela retrata um universo em que os empreendedores, cientistas e trabalhadores competentes são constantemente explorados por um sistema que exige sacrifícios morais em nome de uma falsa ideia de justiça social. Rand denuncia a perversidade de punir o mérito e premiar a mediocridade, mostrando que a única forma justa de organização social é aquela em que o indivíduo colhe os frutos do que planta, sem ter de carregar nas costas quem escolheu não produzir.

Já no nosso país, competência e esforço não são suficientes para ser recompensado de forma digna. A injustiça começa quando o acesso à educação formal de qualidade é difícil e muitas vezes não é um caminho incentivado. Esse cenário faz com que a composição de trabalhadores brasileiros esteja condensada em áreas de menor valor produtivo em questão de tecnologia, e em empresas que não possuem nenhum respeito ao trabalhador.

O tema polêmico da escala 6×1, por exemplo. Como liberal, acredito que o Estado não deveria interferir nas relações de trabalho. A negociação entre empregador e empregado deveria ser livre, voluntária, guiada por interesses mútuos. É o princípio básico de um mercado realmente livre. Mas no Brasil, a realidade é mais embaçada. Aqui, os trabalhadores muitas vezes esperam que o Estado seja o mediador, o protetor, o regulador, o salvador. E muitos empresários, por outro lado, não querem liberdade de verdade: querem explorar sem resistência, lucrar mesmo quando isso significa prejudicar o outro. O problema é que isso não é capitalismo, é oportunismo amparado por um Estado cúmplice.

Sim, existem boas empresas. Muitas. E num mercado livre, elas prosperaram justamente porque respeitam seus funcionários, oferecem boas condições e geram valor de verdade. Só que o próprio Estado, com sua burocracia sufocante, regulações absurdas e carga tributária insana, cria um ambiente em que essas boas empresas lutam para sobreviver, enquanto as ruins se protegem com jeitinho, lobby e favores políticos.Infelizmente essa pauta foi polarizada e se torna difícil discutir essa questão, sem a esquerda me acusar de opressora e sem a direita me acusar de comunista. Entretanto, uma vez que o liberalismo defende a produtividade sem coerção e sem causar prejuízo ao outro, eu não posso apoiar empresas que infrinjam direitos humanos. O verdadeiro problema não é o modelo em si. É a falta de escolha. As pessoas não deveriam estar numa posição onde esse seja o único caminho possível. A relação de trabalho deveria ser livre: se alguém quer trabalhar 6×1, que trabalhe. Se não quer, que recuse. E se ninguém aceita, o empresário que mude o modelo, ou “feche este quiosque”. É assim que o livre mercado corrige excessos: pelo consentimento, pela escolha, pela responsabilidade. Mas pra isso funcionar, a liberdade precisa ser real. E no Brasil de hoje, nem trabalhador nem empreendedor são, de fato, livres.

No fim, o problema não é o capitalismo, mas a fraude de chamá-lo assim quando o que existe é um labirinto de burocracias, impostos sufocantes e amarras legais que prendem tanto o trabalhador quanto o empreendedor. Infelizmente, nosso país virou um oceano de armadilhas políticas que punem quem joga limpo e premiam o “jeitinho brasileiro”, transformando a liberdade em um rótulo bonito numa prateleira vazia. Assim, vivemos em um teatro onde ninguém escolhe, apenas sobrevive e, nesse cenário, é preciso reconhecer que nem toda produtividade é moral, que há “meritocracia” até para quem age pelo mal e que nem todo lucro no capitalismo é justo. Enquanto os liberais não souberem separar o joio do trigo, continuarão defendendo um sistema que, na prática, nem deveria ser chamado de liberal, e seguirão deixando de fora da luta da liberdade aqueles que realmente precisam dela.

Diane Matos

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