Desde os primórdios da humanidade, a ideia de trocas voluntarias sempre se fez presente, a fim de facilitar a vida de todas as pessoas que viviam pacificamente e buscavam facilitar a dificuldade que era suprir todas as necessidades humanas. A verdade é que trocas sempre foram o melhor meio de gerar valor, incentivando a especialização das pessoas em produzir sempre mais de um único tipo de produto e a través do aumento na produção e melhoria da qualidade, aumentar o numero de trocas e o numero de produtos variados disponíveis para consumo ou uso próprio.
Para facilitar que essas trocas pudessem ser feitas com os mais diversos tipos de pessoas, independente da sua necessidade, a moeda de troca foi criada. De gado e grãos até mesmo conchas, diversos item foram utilizados com essa função, fazer as trocas mais diversas com um único item que a partir da variação da sua quantidade ele possibilitasse obter qualquer outro item.
Com o passar do tempo, algumas moedas foram se perdendo enquanto outras foram começando a ser mais utilizadas, chegando a quase uma unanimidade do uso do ouro como moeda principal de todas as grandes nações. Esse material tão desejado até os dias de hoje, sempre esteve dentro de três prontos principais para uma boa moeda, ser um bom meio de troca, não perder valor com o tempo e ter uma unidade de conta. A partir dessas características, esse material se manteve mais de dois mil anos sendo desejado e apreciado por toda a humanidade.
Porém com a evolução das sociedades e desenvolvimento da economia, governos surgiram com o pretexto de manter a lei e a ordem, trazendo segurança e estabilidade para os indivíduos que permanecessem de baixo de seu guarda-chuva. A ideia de um órgão que pudesse trazer o monopólio da força para evitar injustiças sem duvidas era uma ideia interessante, porém que sempre teve e ainda tem um enorme problema, o monopólio da força, traz com ele de maneira inerente o monopólio das decisões do que pode e não pode ser feito. Esses poderes gigantescos fizeram com que essas grandes organizações criadas para proteção, passassem a interferir mais e mais no dia a dia das pessoas, controlando inclusive os meios de troca e exigindo de todos parte de tudo que produziam. O que foi criado para melhorar as condições acabou se tornando na realidade uma forma de parasitas se apropriarem mais e mais da sua liberdade em detrimento da deles.
O ouro, no entanto, não foi algo criado por governos, e sim uma grande convenção popular de uso, fruto da liberdade de escolha de todos os indivíduos presentes na sociedade e devido a sua eficiência como moeda. Porém, com o aumento das dividas governamentais e como resultado das péssimas gestões do orçamento, os governos que já estavam responsáveis pelo cunho do ouro, tiveram a incrível ideia de começar a diminuir o valor de suas moedas na cunhagem, utilizando de níquel ou bronze no processo, metais mais baratos e menos escassos para que dessa forma pudessem custear suas dividas em ouro, com algo que já na era mais o material puro que realmente tinha aquele valor. Foi a partir desses pequenos delitos legalizados que a destruição da moeda começou em diversas sociedades, sempre levando a preços mais elevados para os consumidores finais, totalmente em prol do gasto governamental.
Esse tipo de processo de destruição monetário com o passar do tempo evoluiu muito e nos dias atuais não acontece mais com algo como o ouro, mas sim algo muito mais fácil de ser produzido e jogado na economia, o papel moeda, ou até mais recente, o dinheiro digital. Essas ferramentas facilitaram muito o trabalho de governos quando se trata de cobrar esse imposto inflacionário de sua população, afinal porque cunhar ouro e outro metais se você pode simplesmente imprimir mais papel que é muito mais fácil de ser criado ou então criar bilhões de sua moeda somente com um aperto de botão, sem gasto algum?
Com a diluição desse dinheiro todos jogado na economia periodicamente, os mais prejudicados são aqueles que não possuem ativos e acabam por gastar todo o dinheiro que ganham isso porque como são os últimos a receber esse dinheiro jogado na economia, e muitas vezes seus salários são reajustados por um índice de inflação que não corresponde ao real aumento de suas despesas, dessa forma ficando cada vez mais pobres em poder de comprar, tendo que se sujeitar a viver em condições cada vez mais precárias.
Após anos e anos nessa situação, graças à invenção e disseminação do uso da internet, uma solução muito curiosa acabou sendo desenvolvida e que trouxe uma luz para todo esse problema enfrentado pelas pessoas no mundo todo. Desde sua criação em 2009, o Bitcoin tem desafiado o sistema financeiro tradicional. Baseado na tecnologia blockchain, ele representa uma alternativa revolucionária às moedas emitidas por governos, oferecendo uma visão de um sistema monetário descentralizado e independente. Para muitos, o Bitcoin é uma promessa de futuro, mas a realidade é que ele já está desempenhando um papel significativo no presente, especialmente para aqueles que buscam liberdade econômica e proteção contra a interferência estatal.
A principal proposta do Bitcoin é romper com o monopólio estatal sobre a emissão e o controle do dinheiro. Sua tecnologia permite transações peer-to-peer, eliminando intermediários como bancos e governos, e dando aos usuários maior autonomia sobre seus recursos financeiros. Essa descentralização não apenas distribui o poder, mas também garante uma moeda sem fronteiras, livre das limitações de jurisdições locais. Para os defensores da liberdade econômica, essa é uma verdadeira revolução, pois oferece um sistema resistente à censura e à manipulação estatal.
No presente, o Bitcoin já se consolidou como uma alternativa viável em diversas situações. Em economias instáveis como Venezuela e Argentina, ele tem sido usado como proteção contra a hiperinflação, preservando o poder de compra das pessoas. Além disso, o Bitcoin proporciona inclusão financeira, permitindo que milhões de pessoas sem acesso a bancos participem da economia global por meio de uma simples conexão à internet. Outro aspecto importante é a privacidade financeira, que, em tempos de vigilância digital, se tornou um valor essencial. Não menos relevante, o número de empresas e indivíduos que aceitam Bitcoin como forma de pagamento cresce diariamente, fortalecendo sua utilidade prática.
No entanto, o Bitcoin enfrenta desafios que limitam sua adoção como moeda universal. A escalabilidade ainda é um problema, com a rede enfrentando dificuldades para processar um grande volume de transações de forma rápida e barata. A volatilidade também é uma barreira, já que as flutuações significativas no valor dificultam seu uso tanto como reserva de valor quanto como meio de troca. Além disso, a resistência de governos e instituições financeiras, que temem perder o controle sobre o sistema monetário, representa um obstáculo constante, com regulações sendo criadas para limitar o uso do Bitcoin em muitos países.
Apesar desses desafios, o futuro do Bitcoin é promissor. Avanços tecnológicos, como a Lightning Network, estão sendo desenvolvidos para melhorar a escalabilidade e reduzir custos de transação. A entrada de grandes empresas e investidores institucionais tem solidificado a legitimidade da moeda, ajudando a mitigar sua volatilidade ao longo do tempo. No longo prazo, o Bitcoin pode se consolidar como uma alternativa ao sistema fiduciário, podendo até mesmo substitui-lo com o passar dos anos.
A questão de saber se o Bitcoin é a moeda do presente ou do futuro talvez dependa da perspectiva de quem o utiliza e para qual propósito. No entanto, uma coisa é certa: ele já está moldando a forma como pensamos sobre dinheiro, liberdade e o papel do Estado na economia. Seja como um instrumento de proteção contra a inflação, uma reserva de valor, ou um meio para transações globais, o Bitcoin representa um marco na busca por um sistema monetário mais livre e independente, onde o verdadeiro valor do trabalho não é perdido com alguns apertos de botões de uma minoria autoritária.
Assim, ao olharmos para o futuro, devemos reconhecer que o Bitcoin não é apenas uma ideia ou um experimento. Ele é uma realidade presente que continua a desafiar o status quo e melhorando a vida de muitos, sendo, ao mesmo tempo, a moeda do presente e a promessa de um futuro cada vez mais livre.
*As opiniões do autor não representam a posição do Damas de Ferro enquanto instituição.