Para falarmos desse tema, o estado empreendedor, precisamos antes dar um passo atrás, e descobrir como um país se desenvolve. Se olharmos o passado, dos países mais desenvolvidos do mundo, podemos ver várias coisas em comum e, uma delas, é o fato de que o livre mercado foi de extrema importância para que esse desenvolvimento acontecesse. Sim, menos estado interferindo na economia é, ao contrário do que muitos desenvolvimentistas alegam, algo bastante positivo.
Quando se fala em desenvolver o país com o estado controlando a economia, se esquece de mencionar que regulamentações, intervencionismo e emissão de crédito de maneira deliberada, fazem com que o mercado seja totalmente distorcido.
A natureza do mercado
O mercado, assim como a própria natureza, é volátil e premia os “antifrágeis”, ou seja, quem consegue se aprimorar diante do caos. Além disso, o capitalismo não é um jogo de “soma zero”, onde quando um perde, outro ganha. Em um sistema saudável de livre mercado, as trocas voluntárias irão beneficiar todas as partes, e isso sim gera riqueza.
Em primeira análise, se olharmos a situação de países como ilhas Maurício, Botswana e Ruanda, poderemos notar que a receita para eles saírem da extrema pobreza rumo à prosperidade se deu no livre mercado. Você pode encontrar mais detalhes sobre o crescimento desses países no vídeo do canal Ideias Radicais chamado “Felipe Neto pediu 3 países que “explodiram” usando o liberalismo.
O que os países ricos tem em comum
Se verificarmos o ranking de liberdade econômica da Heritage Foundation, e depois compararmos ao ranking dos países mais desenvolvidos do mundo, iremos encontrar muitas semelhanças.
Olhando as duas classificações, podemos notar que do top 15 de liberdade econômica, 12 países estão também no ranking de países mais desenvolvidos no mundo. Obviamente, deve-se considerar aqui, não somente as questões econômicas, mas os conflitos, relações internacionais, o tamanho de cada país, além de outros fatores que podem influenciar nessa análise.
Mas fato é que, não é apenas coincidência essa relação entre os dois rankings. Tendo isso ilustrado, fica mais fácil de entendermos o porquê da economia de livre mercado funcionar de maneira mais efetiva do que modelos que prezam pelo planejamento e financiamento estatal.
O problema da intervenção estatal
Quando o Estado busca minimizar os riscos e prejuízos do setor privado ou, no pior dos casos, até mesmo assumir o papel de empreender no lugar de empresas privadas, devemos primeiro pensar nos motivos pelos quais isso é inviável.
O primeiro ponto: Se a maioria, ou todas as empresas do setor privado não estão dispostos a tomar determinado risco, significa que os gestores que têm a pele (e a grana) em risco, definiram por análise que o risco não vale o retorno.
Se o empreendimento não tem previsão de lucro, não haverá incentivo para que seja executado. O Estado, por outro lado, não tem compromisso nenhum com a análise de oferta e demanda e, além da gestão de boa parte das empresas estatais não ser indicada de forma técnica, e não raramente funcionar como cabide de empregos e corrupção, estas não irão arcar com possíveis prejuízos.
Se forem deficitárias, a resposta é, na maioria esmagadora dos casos, aumentar os gastos dessa empresa para que ela não vá à falência. Isso significa que quem comete erros com aval do estado, é recompensado com o aumento dos recursos disponíveis.
A lógica fica totalmente invertida. Quem é punido, nesse caso, é a própria população (na maioria das vezes a parcela mais pobre), que tem que pagar por essa incompetência com o aumento de impostos ou por meio da inflação, que retira seu poder de compra ao longo do tempo.
As consequências para o empreendedor
Em segundo plano, a “proteção” e o “empreendedorismo” estatal são, além de tudo isso, prejudiciais aos empreendedores, e à toda a sociedade, porque maquiam os erros. A imprevisibilidade e os riscos vão existir, independente do estado querer burlar essa força. As distorções que essa intervenção causa, geram uma bola de neve.
Ainda que alguns não sejam bem sucedidos nessa selva, chamada mercado, é preferível isso do que arcar com as variações bruscas de um sistema totalmente distorcido. A turbulência estará explícita o tempo todo, se o laissez-faire (termo utilizado para designar uma economia sem interferência governamental) for adotado.
Mas, se por acaso, o estado tentar controlar as demandas e ofertas presentes, será dada a falsa impressão de que a economia não tem problemas e tudo vai bem. o final disso é sempre bem triste: Os riscos ficam ocultos, e isso gera uma falsa ideia de estabilidade. Quanto mais as crises são adiadas, pior o dano quando elas estouram. e é inevitável que isso ocorra.
Se, por exemplo, uma pessoa toma um porre, o melhor a se fazer é deixá-la se recuperar, longe das bebidas. Quando o governo tenta ajudar empresas deficitárias dando-as mais crédito, ou dinheiro, o que ele está fazendo é dando mais álcool para uma pessoa bêbada.
No início, a sensação parecerá boa, e tudo estará nos conformes. Mas, no longo prazo, a tendência é que a ressaca seja ainda maior. No caso das empresas, a recessão será mais brusca do que seria anteriormente, se a ressaca não for superada naturalmente.
O longo prazo sempre chega
Keynes, defensor ferrenho de intervenções estatais na economia, alegava que “a longo prazo, estaremos todos mortos”, em referência ao imediatismo que, segundo ele, deveria ser adotado para “salvar a economia”. O problema nessa afirmação, é não levar em conta que o longo prazo sempre chega, e no caso do desenvolvimentismo, chega sempre com uma economia pior do que era antes deste ter sido adotado.
Por fim, cabe aqui, parafrasear um trecho do livro “Antifrágil” de Nassim Nicholas Taleb, do qual esse artigo começou fazendo referência a seu conceito. Essa frase, resume bem o que os empreendedores representam, ou pelo menos deveriam representar no corpo social:
“A maioria de vocês fracassará, será desrespeitada, empobrecerá, mas somos gratos pelos riscos que vocês estão assumindo e os sacrifícios que estão fazendo em prol do crescimento econômico do planeta e forçando os outros a sair da pobreza. Vocês estão na origem da nossa antifragilidade. a nação agradece”.
– Nassim Nicholas Taleb
Excelente texto!
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