O terrorismo se tornou a manifestação da brutalidade humana contra seu próprio povo ou seus inimigos, ainda que o termo seja aparentemente novo e seu terror escancarado, as origens do terrorismo são tão antigas quanto a própria civilização. As sociedades, desde à antiguidade, foram majoritariamente estabelecidas por meio do terror e com sua fundação no medo, características comuns que percorreram a linha histórica até o determinado presente. O primeiro império Mesopotâmico fora pautado no terror, tal qual os assírios, primeiro império militar da antiguidade. Portanto, o terrorismo pode ser considerado o tipo de guerra mais antigo que há, levando em consideração que sua existência já se dava antes da criação de forças armadas provenientes do Estado. Com fundamento em “terrere”, do latim “fazer tremor”, o terrorismo pode ser considerado uma arma de guerra psicológica, levando em consideração seu foco em causar terror, eventualmente resultando na opressão e supressão de um povo submetido as possibilidades de ataques que podem vir ocorrer. A grande vitória do terrorismo se dá pela implantação do medo no subconsciente, travando uma guerra silenciosa entre o indivíduo e sua própria razão, altamente sensibilizada e sem resquícios de proteção.
São nos momentos de terror, onde a liberdade se faz distante e a força do indivíduo se vê violada e presa por intermédio da superioridade maligna, que apenas a possibilidade do “fazer terror” já aniquila quaisquer resquícios de uma luta contra a opressão. O bem-estar social se vê fortemente reprimido e submisso a uma mão invisível tirânica, onde não se sabe visualizar os seduzidos pelo discurso altamente emocional e psicologicamente alienado que apenas uma máquina de guerra tão perspicaz como o terrorismo pode causar. Um dos maiores problemas do terrorismo, para além de qualquer violação humana e a opressão da dignidade, é a completa aniquilação da liberdade. Parece inviável que até mesmo prisioneiros sejam totalmente sem liberdade, quem dirá civis gozando de um dos seus direitos principais: o ato de ser livre. Os indivíduos naturalmente dispostos a gozarem da liberdade, eventualmente estão em alerta a todo instante para aquilo que possa ameaçá-la, e repelir a invasão e confronto de sua independência.
O homem prontamente liberto tem sua individualidade constantemente violada, na tentativa falha de capturá-la, seja por governantes perversos e, neste caso, o terrorismo, uma vez que aniquila direitos e explora o indivíduo seguindo preceitos suprematistas morais e emocionais. O mal de causar terror tem chegado e batido de encontro a liberdade, como a invasão do Hama, que, de forma infortuna, invadiu o único país livre e democrático em meio aos países árabes, Israel. A comprovação se tornou verídica, não é preciso mais ser um governante ou um Estado extremista para desestabilizar a liberdade de seu povo, mas basta ter o radicalismo em suas veias e o ódio em sua alma, que tomar a liberdade alheia se tornou altamente possível. Para além de conquistas territoriais, os conflitos eminentes do século XXI se tornaram conquistar e dominar a autonomia do indivíduo, roubando para si não apenas sua pátria, mas aquilo que há de melhor em seu ser. Para lá de roubar suas casas, tornou-se melhor roubar seus sonhos e sua esperança, sua dignidade, sua decência. Questões estas que são mais valiosas para a humanidade do que meramente o materialismo.
Não deveria ser palpável, portanto, a possível extinção de certos valores e indivíduos, que fomentam o terrorismo e a sede de domínio mais almejada que meros territórios, é preciso caçar e escravizar, submeter o outro a suas escolhas coletivistas e romper com a individualidade do homem, extinguindo quaisquer resquícios de livres escolhas que poderiam ocorrer ali. A luta contra o terrorismo deixou de ser exclusiva de certas nações e se tornou uma luta em prol da humanidade e a persistência de sua autonomia. Se tornou o diabo contra o salvador que é a liberdade, e já a vida eterna, o estágio de autonomia humana que apenas um liberalista poderia defender e lutar por. Espectros políticos não deveriam entrar em jogo quando o lado certeiro se tornou tão visível e fácil de escolher, ainda que a humanidade esteja adoecida ao ponto de cogitar que um terrorista poderia reivindicar o direito de um povo. A liberdade continuará sendo inevitável enquanto lutas aconteçam e atrocidades sejam desvendadas, estigmas rompidos e sociedades de bem-estar defendidas. O livre-alvedrio sempre será oposição quando a opressão falar mais alto e suas idealizações repressoras escondidas por trás de discursos harmoniosos serem defendidas por um ramo de cegueira que guia parte da humanidade para uma fantasiosa vida de graças e tolerante.
Quando algo parecer errado, questione se há liberdade ali. Se não houver, já se sabe a resposta. A autonomia do indivíduo é o futuro, é o que amedronta opressores e o que perversos não querem que seja descoberto. A luta por liberdade, sim, se tornou a maior rebeldia que há em pleno século XXI.
Referências bibliográficas
Chaliand, Gérard, and Arnaud Blin. “História do Terrorismo.” (2004).
Pereira, Thaís da Costa. “A relação entre mídia e terrorismo.” (2014).
Mill, Stuart. Sobre a liberdade. Editora Hedra, 2017.
Friedman, Friedman. Liberdade para escolher. Leya, 2012.