O Que é Liberdade?

O que é Liberdade?

O autor deste artigo, que aqui vos escreve, faz parte de um movimento internacional chamado Students For Liberty, que, em tradução literal, significa “Estudantes pela Liberdade”. Estou envolvido nesse movimento há 2 anos e 3 meses, e nosso propósito é disseminar as ideias de liberdade. Neste artigo, proponho-me a contribuir para esse objetivo.

Mais especificamente, nesses 2 anos e 3 meses, tenho estudado, em média, 5 horas semanais sobre as ideias de liberdade, e sabem o que descobri nesse meio tempo? Que a grande maioria das pessoas não fazem a menor ideia do que realmente significa o termo.

Se elas soubessem, provavelmente não desperdiçariam tanto tempo no Instagram, nem teriam dificuldade em listar atividades produtivas realizadas nos últimos 12 meses. Pergunte a qualquer pessoa que você não vê há algum tempo o que ela fez nos últimos 12 meses, e a resposta provavelmente será algo como: “Fiz uma viagem aqui, outra ali…” Mas o que, de fato, ela tem feito diariamente para progredir na vida? Na maioria das vezes, você perceberá que houve pouco ou nenhum progresso.

Agora, olhem só o que conquistei desde o início de 2024: mudei-me para um local muito melhor, com melhor custo-benefício, a apenas 5 minutos do trabalho; aprendi a entender inglês sem precisar de legendas; desenvolvi uma nova habilidade, que é tocar música eletrônica como hobby; estou finalmente tirando minha carteira de motorista; comprei um iPhone depois de 10 anos lidando com dores de cabeça com o Android, o que me tornou muito mais produtivo no meu dia a dia; invisto mensalmente em ações, fundos imobiliários e ativos internacionais desde abril deste ano, pois consegui consolidar meu fundo de emergência; e tenho mantido uma forma física que me dá orgulho.

Em síntese, estou continuamente buscando valores que agreguem à minha vida. E como consegui tudo isso? Porque compreendi, de fato, o conceito de liberdade.

O que é liberdade?

Liberdade é um direito individual. Mas o que é um direito individual? É o reconhecimento (seja pelo Estado ou por outras pessoas) de que um ser humano vive por meio de um processo de razão.

Contudo, razão não significa apenas pensar ou divagar sobre um assunto. Razão é um processo de pensamento que está diretamente ligado à ação. Razão = pensamento + ação. Não há dissonância entre pensamento e ação, teoria e prática. Eles caminham juntos. Quando eu penso, executo uma ação, e quando executo, reflito novamente sobre se o que fiz funcionou ou não e se há espaço para melhorias. É um ciclo contínuo.

Se uma pessoa não está engajada nesse processo de busca por valores, então o conceito de liberdade se torna inútil para ela: apenas uma abstração flutuante. Por outro lado, se uma pessoa não entende o que é liberdade — ou seja, que o ser humano vive através de um processo de razão — ela não possui a ferramenta necessária para ser produtiva.

Muitos confundem liberdade com libertinagem, e eu concordo que essa confusão é comum. E sabem quem é o principal responsável por essa confusão? Aquele que diz que não existe certo ou errado. Se não há certo e errado, como podemos definir corretamente o que é liberdade? Nos parágrafos seguintes, retornaremos à questão da libertinagem.

Liberdade no contexto empresarial

Agora, vamos analisar o conceito de liberdade no contexto empresarial. Nesse cenário, liberdade só pode significar uma coisa: autonomia.

Mas lembre-se do que havia dito anteriormente – liberdade é um direito individual. Portanto, autonomia é um direito de qualquer indivíduo. E o que isso realmente significa? Direito é o reconhecimento de sua autonomia. Por reconhecimento, me refito a respeito. Mas o que, de fato, é respeito? Respeito é o que separa liberdade de libertinagem; é uma resposta à escolha autônoma do indivíduo sobre quem ele é (pois ele tem livre-arbítrio), como ele lida com problemas, propõe novas tecnologias, soluções, etc.

Pensem bem: suas relações profissionais são permeadas por respeito? É desrespeitoso quando um cliente chega a um estabelecimento e não há um funcionário para atendê-lo porque este está atrasado? Sim, é um desrespeito tanto com o cliente, que foi feito esperar, quanto com os donos da empresa, que contrataram o funcionário para oferecer uma boa experiência aos clientes. E se seu gestor, mesmo que em tom de brincadeira, lhe dirige palavras ofensivas sobre sua personalidade, as quais você não aceita? Sim, isso também é desrespeito, pois sua personalidade é uma escolha autônoma sua, além de ele não reconhecer sua opinião em relação às ofensas.

Se os funcionários de uma empresa querem trabalhar como bem entenderem, isso também é um desrespeito aos donos da empresa. Esses funcionários não estão respeitando a autonomia dos donos de operar a empresa segundo suas próprias regras. Eles se veem como vítimas da sociedade e clamam por liberdade, mas na verdade não se importam com o conceito; querem apenas benefícios sem esforço e privilégios sem mérito.

Um gestor pode avaliar se a reivindicação de um funcionário por autonomia é válida analisando se esse funcionário realmente se dedica a entender o assunto, participa de movimentos liberais, estuda, pesquisa, escreve, reflete e dissemina ideias, por exemplo. Porque seu foco é com o que é justo e correto, não com seus desejos irracionais.

Falta de autonomia

Um outro ponto a considerar é que o desrespeito em forma de assédio moral por parte de seu gestor pode ser apenas um indicativo de um problema maior.

Se você é uma pessoa que sugere ideias, propõe ações, toma iniciativas, mas, em troca, recebe apenas críticas ou seus projetos nunca avançam, isso indica que a cultura da empresa não é pró-liberdade e, portanto, você não tem autonomia. Não há respeito à sua autonomia como pessoa nem respeito à sua autonomia em propor ações. A essência é a mesma: o não reconhecimento do indivíduo como um ser que vive através de um processo de razão.

Uma empresa só pode ser produtiva se houver liberdade para que as pessoas expressem suas opiniões sem medo de críticas ou de serem demitidas, para que possam fazer um contraponto em uma reunião sem sofrerem chacota, para que possam fazer sugestões sem serem interrompidas enquanto falam. Se essa não é a cultura da empresa, ela está destinada ao fracasso à longo prazo. As pessoas aprenderão que não devem opinar, e justamente por isso, as mentes pensantes acabarão indo embora, aquelas responsáveis por manterem as engrenagens rodando.

Steve Jobs sabia disso e por isso, eu não poderia deixar de citá-lo: “Não faz sentido contratar pessoas inteligentes e depois dizer-lhes o que fazer; nós contratamos pessoas inteligentes para que elas nos digam o que fazer.”


Eduardo França

*As opiniões do autor não representam a posição do Damas de Ferro enquanto instituição.


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