Em 2024, o Rio Grande do Sul foi atingido por enchentes devastadoras que deixaram um rastro de destruição e sofrimento em várias regiões do estado. No entanto, diante dessa calamidade, emergiu uma onda de solidariedade e mobilização comunitária que tem sido crucial para mitigar os impactos do desastre e apoiar as vítimas. A mobilização começou a nível nacional e rapidamente se expandiu para um esforço global, com a cooperação internacional de países e empresas que enviaram recursos para o Rio Grande do Sul. Exemplos notáveis incluem a ajuda de Portugal e da empresa de tecnologia Starlink.
Esforços de Voluntariado e Uso das Redes Sociais
A solidariedade tem se manifestado por meio de diversas iniciativas voluntárias. Grupos comunitários e indivíduos têm se unido para organizar coletas de alimentos, roupas e itens de primeira necessidade. A Igreja Católica convocou seus fieis a participarem de mutirões de ajuda, oferecendo desde abrigos temporários até apoio psicológico aos desabrigados. Entre os principais nomes que lideram as arrecadações estão influenciadores como Lara Nesteruk e o retratista João Menna que, além de contribuírem com doações e voluntariado, também documentam situações frequentemente ignoradas pela grande mídia. Outros influenciadores, como Thomas Giulliano e Vitória Portes, também estão utilizando seus canais para arrecadarem doações para os afetados pela tragédia.
O Governo do Estado do Rio Grande do Sul disponibilizou um PIX para arrecadar doações destinadas à reconstrução das áreas atingidas e ao apoio às vítimas das enchentes. A mobilização de doações alcançou todo o território nacional. No dia 22 de maio de 2024, o site oficial da Secretaria de Comunicação Social deste estado divulgou que os Correios superaram 15 mil toneladas de doações arrecadadas para o Rio Grande do Sul.
Além disso, o Guarani Futebol Clube disponibilizará o estádio Brinco de Ouro para um evento de arrecadação de doações. O clube confirmou a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro, do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e do prefeito de Campinas, Dário Saadi. Em nota, o Guarani informou que atendeu a um pedido do governo estadual, destacando que o time “não possui espectro político”.
Chamado de “SOS Rio Grande do Sul”, o evento servirá como ponto de coleta para doações de água, roupas, produtos de limpeza e higiene, e alimentos não perecíveis. A arrecadação ocorrerá no dia 29 de maio de 2024 (quarta-feira), das 10h às 19h.
Ajuda Internacional
A situação no Rio Grande do Sul provocou uma mobilização internacional significativa. No dia 18 de maio de 2024, a base aérea de Canoas, no Rio Grande do Sul, recebeu uma aeronave proveniente de Portugal, trazendo mais de 300 quilos de doações e 61 voluntários para ajudar as cidades atingidas pela recente calamidade climática no estado. Além disso, o avião transportou 3 toneladas adicionais de itens de higiene, roupas de inverno e alimentos de diversas regiões do Brasil.
Na mesma data, no início da noite, o aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, recebeu o primeiro de três voos prometidos pelo governo dos Emirados Árabes Unidos com doações para o Rio Grande do Sul. Essa primeira aeronave trouxe mais de 64 toneladas de carga, incluindo 500 geradores, 10 toneladas de produtos de higiene, 10.000 pacotes de redes de proteção contra mosquitos, 10.000 cobertores e 5.000 lâmpadas solares, conforme informações do Ministério das Relações Exteriores (MRE).
Adicionalmente, Elon Musk, através de sua empresa Starlink, doou 1.000 antenas de internet via satélite para auxiliar nas buscas e na comunicação. As antenas oferecem serviço ilimitado de dados sem custo. De acordo com uma nota do governo, essas antenas ajudarão a “restabelecer a comunicação nos principais pontos da Defesa Civil, Segurança Pública, unidades de saúde, escolas e serviços públicos essenciais durante o período de calamidade”.
Problemas de conexão com a internet em várias regiões do RS têm dificultado a localização de pessoas feridas e desabrigadas. Em resposta a essa situação, Musk anunciou, no dia 9 de maio de 2024, a doação dos equipamentos da Starlink, que operam via satélite, ao contrário das outras operadoras que atuam no estado, proporcionam um suporte crucial para as ações de apoio.
Atuação do Estado
Apesar dos esforços significativos da população e das iniciativas voluntárias, a resposta do governo às enchentes no Rio Grande do Sul em 2024 tem sido criticada por sua lentidão e falta de eficácia. A situação foi agravada pela complexidade da crise e a necessidade urgente de recursos e ações coordenadas.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) precisou flexibilizar as regras de prestação de serviços para as distribuidoras de energia do estado. Essa medida se deu devido às dificuldades enfrentadas pelas empresas em restabelecer a infraestrutura danificada e garantir o fornecimento de energia elétrica aos consumidores afetados. Esse ajuste regulatório reflete a gravidade da situação e a falta de prontidão do governo em mitigar os danos rapidamente.
As enchentes também causaram sérios danos ambientais e agrícolas, com a erosão do solo e a destruição de colheitas. Especialistas alertam que o solo exposto e danificado pelas chuvas intensas fica ainda mais vulnerável a futuros eventos climáticos extremos, exigindo um plano de recuperação a longo prazo que não está sendo devidamente endereçado pelo governo.
A resposta do povo gaúcho e de organizações voluntárias tem sido exemplar, contrastando com a lentidão do estado. A comunidade local e internacional se mobilizou rapidamente para fornecer ajuda imediata, como a chegada de doações e voluntários de Portugal e Emirados Árabes Unidos, além de equipamentos de comunicação da Starlink para restabelecer serviços essenciais.
Por outro lado, a demora do governo em implementar políticas eficazes e coordenar a resposta emergencial exacerbou a situação. A falta de infraestrutura adequada e a ausência de um plano de contingência eficiente são reflexos de uma preparação insuficiente para lidar com desastres naturais de grande escala.
Conclusão
A atuação do estado nas enchentes do Rio Grande do Sul em 2024 ilustra uma falha significativa na gestão de crises e na implementação de políticas de emergência. Enquanto a população tem demonstrado resiliência e solidariedade, a resposta governamental lenta e ineficaz destaca a necessidade de reformas urgentes na gestão de desastres no Brasil. O exemplo gaúcho serve como um alerta para a importância de uma resposta rápida e coordenada por parte das autoridades em futuras emergências.
*As opiniões do autor não representam a posição do Damas de Ferro enquanto instituição.
Referências
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