Antes de qualquer coisa, convido o leitor a uma reflexão inicial: (1) Por que devemos nos preocupar com política? Essa reflexão é importante, pois, sem uma resposta clara, qualquer discussão sobre Direita x Esquerda perde sentido. Em seguida, esclareço esta falsa dicotomia e chamo a atenção para (2) como podemos mudar o cenário político atual. Por fim, como sugestão prática, respondo à pergunta: (3) o que precisamos fazer?
Por que devemos nos preocupar com política?
Respostas comuns a essa pergunta incluem: “Porque a política define regras que impactam nossa vida diária”, “influencia oportunidades” e “molda o futuro da sociedade”. Mas como, exatamente, ela cumpre essas funções?
Quanto ao primeira tópico, possíveis respostas seriam: “As leis e políticas públicas asseguram direitos básicos, como educação, saúde e segurança, que afetam diretamente nosso cotidiano.” Ou, então, “o destino dos impostos que pagamos é decidido pela política, o que influencia serviços essenciais, como saneamento, segurança e transporte — recursos públicos com impacto direto no nosso dia a dia.”
Agora, vejamos as respostas para o segundo tópico: “Políticas econômicas influenciam a geração de empregos, o crescimento das empresas e o custo de vida, afetando nossas oportunidades de desenvolvimento pessoal e profissional.” Além disso, “políticas de transporte, habitação, infraestrutura e meio ambiente influenciam a qualidade de vida, ampliando ou limitando nossas escolhas.”
Por fim, “a participação política ajuda a moldar uma sociedade ética, justa, responsável e transparente, garantindo que governantes sejam fiscalizados e atuem pelo bem público.” E “ao acompanhar e participar da política, garantimos equilíbrio de poderes e moldamos uma sociedade mais justa e inclusiva para o futuro.”
Observe, no entanto, como essas respostas soam vagas. Com este artigo, proponho oferecer uma justificativa mais fundamental à pergunta-título desta seção, e de modo que o leitor possa reagir com: “Ótimo! Aqui está uma justificativa clara, objetiva e que realmente se relaciona com minha vida prática e diária.”
O autor deste texto que vos escreve, é formado em Engenharia Civil e tem um propósito: construir uma Startup voltada para o mercado imobiliário, denominada PropTech, mas por quais razões?
Pelo dinheiro? Há muitos executivos ganhando R$ 40.000,00 por mês em multinacionais, onde os processos já estão bem estruturados e o ritmo é muito menos estressante do que no contexto de uma Startup. Pelo glamour? Sair na capa da Forbes pode ser interessante, mas não tanto quanto sair na revista O Fuxico revelando questões pessoais e íntimas minhas. Para ter flexibilidade no trabalho? Claro! Como fundador da Startup, trabalharei nos feriados, férias e folgas, tamanha é a flexibilidade. Pelo impacto social? Se fosse esse o motivo, certamente seria mais fácil eu trabalhar para o Facebook ou Patagonia – uma marca de roupas para esportes ao ar livre, como escalada, esqui e trilhas, e que tem uma pegada sustentável.
Então, o que, de fato, me motiva a comprometer uma vida inteira em algo de altíssimo risco material e emocional (no sentido de impactos psicológicos) ao iniciar uma Startup?
Acredito realmente que, se não for eu, ninguém mais a fará. Esse é um ponto. Outro ponto é que, em meu entendimento, o mundo precisa que eu faça isso. Essa seria a prova de que a ideia é relevante e pode tornar o mundo um lugar melhor.
A essa altura do campeonato, o leitor deve estar pensando: “mas o que isso tem a ver com política? Pouco me importa se o cara quer abrir mão da sua vida social em função de uma Startup de sei lá do quê. O que eu quero saber mesmo é no que isso me importa!”
Você não poderia estar mais certo! E era exatamente aqui onde eu gostaria de chegar. Discutir a importância da política só faz sentido quando você tem clareza do que é importante para você.
Porque você, enquanto ser humano, tem uma natureza específica. Nós somos uma espécie que se diferencia de qualquer outro animal por sermos dotado de uma faculdade mental que se chama razão.
Assim, da mesma forma que o papel, a pedra, a água e o fogo, tem uma identidade específica, assim o é para o ser humano. Eu não consigo “cortar a água”, pois não é da natureza da água ser cortável. Portanto, nós precisamos saber qual é a natureza do ser humano.
– “Está ficando cada vez pior. E por que você está me dizendo isso?” (leitor)
É certo eu dizer que a pedra é rasgável? Claramente que não, e nós só sabemos disso por que sabemos qual é a natureza de uma pedra. Agora, é certo que o ser humano deva financiar um governo socialista por meio de impostos? Para eu saber disso, o que eu preciso saber primeiro? Exato, da natureza do ser humano. A diferença é que isso é absurdamente mais difícil saber do que a natureza de uma pedra.
Se o leitor for tão curioso quanto eu, possivelmente essa resposta não o satisfez, e ainda deve estar se perguntando: “Por que, de fato, discutir a importância da política só faz sentido se eu souber o que é importante para mim?” Para responder essa pergunta, eu teria que me aprofundar na natureza do que constitui razão, o que não é o meu objetivo nesse artigo, mas parte da resposta, é que o processo de pensamento exige esforço, e na perspectiva objetivista, a ideia de esforço se aplica a qualquer coisa, seja para você criar sua riqueza, como pra você encontrar/manter um relacionamento amoroso saudável, conseguir e manter seu corpo com um shape legal, etc. Não existem atalhos.
Disso, concluímos que o contexto político precisa ser tal que permita o ser humano viver conforme sua natureza racional, onde o esforço é o meio pelo qual ele constrói toda a sua vida.
Agora, se o indivíduo não tem clareza do que lhe é importante e para onde ele quer ir, não lhe interessa empreender esforço em qualquer coisa que seja e, portanto, pouco lhe importa o contexto político. Ele não precisa de um reconhecimento por parte do Estado que ele, por natureza, precisa se esforçar para construir sua própria vida, pois afinal, ele não o faz. Como diria o Gato de Cheshire em Alice no País das Maravilhas à própria Alice, quando ela o questiona sobre qual caminho seguir:
– Isso depende muito de para onde você quer ir.
– Não me importa muito para onde…
-…Então não importa o caminho que você tome.
O que precisamos então, é de um contexto político que reconheça essa característica natural do ser humano. A essa perspectiva política, denominamos de Individualista.
Direita x Esquerda: uma falsa dicotomia
Feito esse preâmbulo, podemos tratar do tópico central do artigo. Muitas pessoas se deparam com duas vertentes políticas aparentemente opostas: Direita x Esquerda. Contudo, pretendo mostrar que essa é uma falsa dicotomia. Ambas são variantes de uma mesma coisa: a perspectiva política coletivista.
Na visão de Ayn Rand, existe uma cultura predominante na sociedade que reflete um conjunto de ideias denominado altruísmo. O altruísmo criou a imagem de um brutamontes que pisa em qualquer um para atingir seus objetivos como representativa do egoísmo. Assim, qualquer ação em benefício próprio é considerada má, enquanto qualquer ação em benefício do outro é vista como boa, independentemente do caráter desse “outro”.
Egoísmo, por definição, é simplesmente a preocupação com os próprios interesses (independentemente dos outros). O termo mais adequado para a figura do brutamontes mencionado seria arrogância, enquanto seu “oposto” seria humildade — aquele que se torna escada para a ascensão dos outros.
A ética altruísta nos diz, então, que ou você é arrogante ou humilde. A perspectiva política coletivista reflete essa ética, dividindo as opções entre direita e esquerda (e, no “melhor” dos casos, você é de centro).
O arrogante sacrifica os outros para seus próprios interesses, enquanto o humilde se sacrifica pelos outros. De forma análoga, a direita sacrifica um grupo em favor da tradição, do conservadorismo nos costumes e da liberdade econômica, enquanto a esquerda sacrifica outro grupo em nome da liberdade nos costumes e do conservadorismo econômico.
No fundo, ambas são apenas variantes de uma mesma postura: o coletivismo, onde para uns ganharem, outros precisam necessariamente perder.
– “Então, qual é a alternativa que me resta?” (leitor)
A alternativa é o individualismo — uma perspectiva política que deriva da ética objetivista, na qual o egoísmo é visto como virtude, diferente do sentido popular que comumente se atribui a essa palavra. Esta é a perspectiva do ganha-ganha.
Em suma, não se trata de Direita x Esquerda, mas de Individualista x Coletivista.
Como conseguimos mudar o cenário político?
Ok, entendemos porque devemos nos preocupar com política: fundamentalmente, porque para realizarmos os nossos sonhos, precisamos de um contexto social que nos permita isso. Mas como podemos alterar o cenário político? A esse respeito, cito Rand:
“Se você está seriamente interessado em lutar por um mundo melhor, comece identificando a natureza do problema. A batalha é principalmente intelectual (filosófica), não política. A política é a última consequência, a implementação prática das ideias fundamentais (metafísicas-epistemológicas-éticas) que denominam a cultura de uma dada nação. Você não pode lutar ou mudar as consequências sem lutar e mudar a causa.”
O que precisamos fazer?
Resta claro que, definitivamente, não é por meio do voto que mudaremos o cenário político atual. Mas não se desespere; tenho uma sugestão muito melhor, e que é absolutamente prática:
Venha fazer parte do Instituto Damas de Ferro para explorar as ideias relacionadas a liberdade e conectar-se com pessoas que compartilham essa visão. Amplie seu repertório com conceitos que elevarão seu potencial em qualquer área da sua vida, transformando-o em uma pessoa excepcional.
Lembre-se que uma sociedade melhor, é formado por indivíduos melhores.
*As opiniões do autor não representam a posição do Damas de Ferro enquanto instituição