A Coreia do Sul emergiu como uma das economias mais dinâmicas e prósperas do mundo, alcançando a posição de 13ª maior economia global em termos de Produto Interno Bruto (PIB). Seu notável progresso econômico é amplamente atribuído a uma combinação de fatores intrínsecos e estratégias deliberadas de desenvolvimento. O livro “Asia’s Next Giant: South Korea and Late Industrialization”, escrito por Alice Hoffenberg Amsden, oferece uma investigação minuciosa sobre a jornada econômica da Coreia do Sul desde a década de 1960 até os dias atuais, proporcionando uma compreensão mais profunda desse sucesso.
Uma das características distintivas do modelo sul-coreano é sua orientação governamental ativa no processo de desenvolvimento. O Estado desempenhou um papel central na condução da industrialização, adotando políticas de planejamento econômico e intervenção direta nos mercados. Essa abordagem permitiu ao governo sul-coreano direcionar investimentos para setores específicos da economia, fomentando um crescimento industrial rápido e sustentado.
Um elemento-chave dessa estratégia foi o investimento maciço em capital humano através da educação. A Coreia do Sul reconheceu cedo a importância da qualificação da força de trabalho para impulsionar sua economia. O governo implementou políticas educacionais abrangentes e programas de treinamento técnico para equipar os cidadãos com habilidades relevantes para os setores industriais emergentes. Esse investimento na educação resultou em uma força de trabalho altamente qualificada e adaptável, proporcionando uma vantagem competitiva significativa para a economia sul-coreana.
Além disso, a Coreia do Sul adotou uma abordagem pragmática em relação à inovação e tecnologia. Em vez de buscar desenvolver tecnologias completamente novas, o país optou por importar e adaptar tecnologias existentes de economias desenvolvidas. Esse conceito de “imitação criativa” permitiu à Coreia do Sul economizar tempo e recursos, enquanto rapidamente alcançava os padrões tecnológicos internacionais. O país conseguiu, assim, modernizar seus setores industriais e competir eficazmente no mercado global.
A estratégia de exportação desempenhou um papel crucial no desenvolvimento econômico da Coreia do Sul. O governo sul-coreano implementou políticas que favoreciam as exportações, oferecendo incentivos fiscais, subsídios e acesso ao crédito para empresas voltadas para o mercado internacional. Essa abordagem permitiu à Coreia do Sul diversificar sua base de exportação e expandir sua presença nos mercados globais, impulsionando ainda mais o crescimento econômico do país.
No entanto, apesar de seu sucesso notável, a Coreia do Sul enfrentou desafios significativos ao longo de sua jornada de desenvolvimento. Amsden destaca questões como desigualdade de renda, pressões competitivas globais e a necessidade de transição para uma economia baseada no conhecimento como áreas de preocupação contínua para o país. A desigualdade socioeconômica persistente e a competição global acirrada representam desafios contínuos que a Coreia do Sul enfrenta em sua busca por crescimento econômico sustentável.
Em suma, o sucesso econômico da Coreia do Sul é resultado de uma combinação de fatores, incluindo políticas governamentais proativas, investimento em capital humano e uma abordagem pragmática em relação à inovação e ao comércio internacional. Ao entender a experiência da Coreia do Sul, outros países em desenvolvimento podem extrair lições valiosas sobre como promover o crescimento econômico e alcançar o desenvolvimento sustentável. A história da Coreia do Sul serve como um exemplo de como uma nação pode transformar sua economia e ascender às fileiras das principais potências econômicas do mundo.
*As opiniões do autor não representam a posição do Damas de Ferro enquanto instituição.
Referências:
AMSDEN, Alice Hoffenberg. Asia’s next giant: South Korea and late industrialization. Oxford University Press, USA, 1989.