Capitão América: um símbolo da liberdade

“O preço da liberdade é alto. Sempre foi. E é um preço que estou disposto a pagar. Se eu for o único, que seja. Mas aposto que haverá mais.” 

A frase acima, poderia muito bem pertencer a um grande pensador ou filósofo libertário. No entanto, ela é um trecho da fala de Steve Rogers, retirada do filme “Capitão América, o Soldado Invernal” e resume um pouco da mentalidade do Capitão, um dos maiores heróis de todos os tempos. 

Seu desenvolvimento, tanto nos quadrinhos quanto no Universo Cinematográfico da Marvel (UCM), é apresentado com diversos dilemas morais com os quais muitos de nós nos identificamos. Talvez por isso o Capitão América é um herói tão querido por fãs em todo o mundo: ele representa a essência de grandes valores para o ser humano e, dentre elas, o maior é sua sede por liberdade. 

Quem é o Capitão?

O Capitão América foi criado no ano de 1941 por Joe Simon e Jack Kirby, em pleno período de Segunda Guerra Mundial. O personagem original era Steve Rogers, um jovem esguio que desejava lutar contra o Nazismo, mas frequentemente era rejeitado pelo exército americano. 

Sua vida muda quando ele se oferece como cobaia para um projeto secreto do governo dos EUA para criar super soldados para lutar na guerra. Steve então recebe em seu corpo um soro que aumenta sua força física, resistência, agilidade, e ainda melhora suas capacidades mentais. 

O Capitão América foi concebido como um símbolo da resistência americana contra o regime nazista (as cores de seu traje e do seu escudo, são uma clara alusão à bandeira ianque), e também como uma propaganda de guerra que se seguiu à entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra. Logo na capa de sua primeira edição nas revistas em quadrinhos, o Capitão aparece dando um belo soco na cara de Adolf Hitler, uma mensagem que não dava margem para qualquer erro de interpretação.

 Apesar de sua ligação histórica com o governo estadunidense, o Capitão se mostrou, ao longo de sua trajetória, ser muito mais do que um soldado subordinado de alguma instituição. Rogers não é, de forma alguma, um nacionalista cego. Sua fé nos indivíduos e seu valor de justiça sempre estiveram à frente em suas decisões, mesmo nos momentos mais críticos. 

 A Evolução do Capitão América

Steve Rogers, antes mesmo de se tornar o grandioso Capitão América, sempre se mostrou um homem virtuoso e coerente com seus princípios. Em seu primeiro filme no UCM, o “primeiro vingador” já demonstrava suas virtudes quando foi recrutado para o programa de super soldados. Em um dos diálogos no longa-metragem, ele diz que não quer ir à guerra para matar nazistas, mas sim para lutar contra as injustiças cometidas por eles. Após ele se tornar um super soldado, sua bússola moral não foi corrompida e ele continuou firme com os preceitos que o levaram a se tornar o Capitão.

Já em seu segundo filme na Marvel, o Capitão passa por diversos dilemas morais. Na película, ele se vê obrigado a lutar contra a S.H.I.E.L.D. (agência militar secreta do governo americano), para defender o agente secreto Nick Fury de uma conspiração de uma organização criminosa infiltrada no governo. Com esse acontecimento, percebe-se que o Capitão se torna mais cético em relação às organizações que prezam pelo controle governamental, e opta por depositar sua fé nos indivíduos em quem ele confia. 

Mas é no terceiro filme do Capitão América, o “Guerra Civil”, em que Steve expõe totalmente sua inclinação libertária. Na trama, após um incidente ser colocado na conta de alguns heróis, o personagem principal vê seu grupo, os Vingadores, confrontado por governantes de todo o mundo. Os líderes de Estado exigiram que os heróis fossem controlados pela ONU com a justificativa de “evitar catástrofes”. 

De um lado, tendo como principal figura o Homem de Ferro, ficaram aqueles que, diante da culpa sentida pelos acontecimentos, optaram por se submeter ao pedido dos governantes e aceitaram ser controlados. Do outro lado, ficaram os heróis que, liderados por Rogers, preferiram se manter independentes por não acreditar que o controle seria algo positivo, já que este seria um poder enorme na mão de um restrito grupo de políticos com interesses questionáveis. Rogers, por experiência própria, tinha em mente que a regulação não seria a resposta para esse problema. No final do filme, o herói faz um discurso através de uma carta, reiterando sua crença nas pessoas.

As virtudes objetivistas de Steve Rogers

Em sua obra, a autora libertária Ayn Rand destaca sete virtudes humanas, das quais o homem deve buscar para reger sua vida: racionalidade, independência, integridade, honestidade, justiça, produtividade e orgulho. 

Com ou sem seu traje de herói, Steve Rogers sempre demonstrou ter todas essas características em diversos momentos de sua história. Muito mais do que um homem com agilidade ou força física sobre-humana, o Capitão se tornou um símbolo da luta pela liberdade, cunhada na exaltação do protagonismo do indivíduo. Seja lutando contra o Nazismo, ou enfrentando um exército inteiro para proteger a honra de seus amigos, todas as vezes em que foi colocado à prova, ele mostrou que o verdadeiro poder do homem está presente nos seus princípios e na sua autodeterminação. 


Gilson Assis

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