As Guerras do Século XXI

As guerras do Século XXI

A humanidade pensou que não haveria conflitos de impacto mundial que poderiam ultrapassar a magnitude das catástrofes ocorridas no século anterior. Contudo, a raça humana e seu poder de autodestruição manteve-se a todo vapor, dia após dia aprimorando sua máquina funesta. O final da Guerra Fria em 1991 não significou o fim da luta do Ocidente contra o Oriente, tampouco cessou os conflitos por razões de domínio ideológico.

Guerra do Afeganistão (2001-2021)

A guerra que marcou o início do século XXI foi a chamada “Guerra do Afeganistão”, que durou exatos 20 anos. Sucedida após os ataques de 11 de setembro, um dos maiores ataques terroristas da história, onde 2.977 pessoas morreram, além de 345 bombeiros, tendo alvos em três diferentes cidades: Nova York, Washington e Pensilvânia. O ataque fora ministrado pela Al Qaeda, liderada na época por Osama Bin Laden. O objetivo da Guerra do Afeganistão, então, era desmantelar a Al-Qaeda e retirar o Talibã, grupo fundamentalista e extremista islâmico, do poder. As forças americanas não tardaram em forçar a Al-Qaeda a abandonar suas bases no Afeganistão e rumarem a regiões montanhosas.

Em 2004, grande parte dos participantes do grupo terrorista já estavam aprisionados, mas fora apenas em 2011, na cidade de Abbottabad, próxima a capitão do Paquistão, que americanos encontraram e mataram o líder islâmico, Osama Bin Laden. Apesar da morte de sua principal liderança, o ocorrido não foi suficiente para que a Al-Qaeda tivesse fim, estando presente em ainda dezenas de países. No início da nova década, em 2021, as tropas americanas saíram do Afeganistão. O resultado? Os terroristas do Talibã retomaram o poder do Afeganistão, para a felicidade dos herdeiros de Bin Laden e a tristeza dos afegãos. Na época, imagens fortes foram divulgadas da população buscando alternativas para se livrarem do poder extremista de fundamentalistas islâmicos. Homens se seguravam em asas de aviões, crianças eram dadas a soldados americanos; tudo isso para que não se submetessem mais uma vez ao totalitarismo islâmico.

A retomada do Talibã para o poder do Afeganistão mostra 20 anos jogados no lixo, enquanto a ocupação americana se mantinha forte. Ainda que os Estados Unidos tenham investido bilhões no exército afegão, essa força se mostrou incapaz de evitar a nova dominação do fundamentalismo islâmico na região.

Guerra do Iraque (2003-2011)

Em 2003, o Regime de Saddam Hussein, estadista ditatorial iraniano, responsável por governar o Iraque de 1979 a 2003, foi acusado de possuir armas de destruição em massa, que seriam fornecidas para grupos terroristas rivais dos Estados Unidos, sobretudo, a Al-Qaeda. Tal acusação levou a invasão liderada pelos americanos, apoiados por tropas britânicas, italianas, australianas e espanholas, que rapidamente derrubou o governo de Hussein, mas teve dificuldades para enfrentar a forte resistência que pairou. Após a captura de Hussein em 2003, e a falha tentativa de encontrar Bin Laden na época, estabeleceu um incômodo político pelos Estados Unidos não terem encontrado as tais armas biológicas que levaram a invasão.

A população iraquiana foi levada às urnas para escolherem uma nova figura política que criaria uma nova constituição para o país, apesar da seleção de Jalal Talabani, o restabelecimento da soberania política do país e o fim da ocupação americana no Iraque falhou. Na mesma época, grupos políticos internos, majoritariamente de facções xiitas e sunitas, passaram a se enfrentarem em conflitos civis. Após a saída das tropas americanas e aliadas do país, a nação iraquiana continuou a sofrer com uma sangrenta guerra civil por razões religiosas e sectárias. O resultado foi as centenas de milhares de mortes, o deslocamento massivo e a instabilidade social que até hoje afeta o país.

Guerra Civil Síria (2011-presente)

Conhecido como um dos mais cruéis conflitos existentes que a humanidade pôde presenciar, a Guerra Civil Síria permanece, até os dias atuais, fazendo milhares de vítimas. No início da nova década do século, os anos de 2010, ocorreu no Oriente Médio um fenômeno denominado “Primavera Árabe” que mudaria o curso das vidas orientais. O advento das redes sociais facilitou protestos e contestações aos governos totalitários vigentes no Oriente Médio. As populações de vários países se uniram em prol de suas liberdades, e a revolução se alastrou por toda Arábia. Dentre os países impactados, a Síria fora de longe, a que mais sofreu com os impactos da Primavera Árabe.

Em 2011, surgiram protestos no sul do país contra o então ditador, Bashar Al-Assad. Além da população lutando pela democracia, houve também a presença de grupos armados. A população se revoltava perante a prisão de manifestantes e a resposta do Estado para isso, foi abrir fogo contra os civis, levando a milhares de mortes. A oposição ao governo se armou cada vez mais, tomando posse de cidades e vilarejos, apoiados por países do Ocidente, como Estados Unidos e França. Para a infelicidade dos civis, os dois lados do conflito passaram a bloquear alimentos, ajuda humanitária e acesso à água.

Denegrindo a situação, o Estado Islâmico se aproveitou da fragilidade política e social da época para conquistar importantes pontos do território sírio. Aqueles que não aceitassem as sanções,[Autor des2]  estariam a par de espancamentos, estupros coletivos, execuções públicas e mutilações.

Na nova década do século, o Estado Islâmico foi derrotado e rebeldes foram enfraquecidos, levando o governo de Al-Assad se considerar vitorioso, retomando o território anteriormente conquistado e disseminando seu poder por todo o Estado. Em 2021, Bashar foi reeleito, é claro, em eleições nada democráticas. Para a tristeza do povo sírio, eles não saem a  décadas de governos ditatoriais; ora de rebeldes, Estado Islâmico ou de seu já governante, Bashar Al-Assad. Estima-se que 320.000 a 450.000 pessoas morreram, 1,5 milhões ficaram feridas e 6,7 milhões se refugiaram. A pobreza do país atinge 80% da população, que não tem acesso a alimentos básicos.

Guerra Rússia-Ucrânia (2022-presente)

Em 2022, o ano se iniciou perplexo com a invasão russa à Ucrânia. O motivo? A Rússia considera a nação ucraniana parte de seu povo, sua herança, tendo em vista que a Ucrânia fora parte da Rússia quando União Soviética, sendo uma de suas províncias. Por essa razão, o governo de Vladimir Putin se considerou no direito e reivindicar a então, ex-província. O conflito marcou uma das maiores crises de segurança na Europa desde a Segunda Guerra Mundial e deixou a humanidade em alerta para futuros conflitos globais.

O impacto foi global, ainda que a briga territorial se mantivesse exclusivamente entre os dois países mencionados. Petróleo e gás natural foram produtos que tiveram alterações consideráveis de preços devido a escassez causada, principalmente pela Rússia, a maior produtora de gás natural do planeta.

Além disso, o conflito resultou em milhares de mortes e deslocamentos, além de sanções econômicas severas contra Rússia e outras até sociais, como seu banimento das Olimpíadas. Após dois anos, ainda há esforços diplomáticos contínuos para encontrar uma solução pacífica para o conflito.

Guerra Israel-Hamas (2023-presente)

Em outubro de 2023, rompendo com a esperança pacifista mundial, o Hamas lançou um ataque surpresa contra Israel, desencadeando uma nova onda de violência. O conflito resultou em centenas de mortes e feridos de ambos os lados, além de destruição significativa em Gaza. A escalada de violência trouxe às tonas questões de longa data sobre o conflito israelo-palestina e a busca por uma solução duradoura.

O evento datou uma nova zona fria entre a civilização ocidental e oriental, levando em consideração o choque cultural do conflito, e a constante necessidade humana de escolher um culpado enquanto os únicos a sofrerem são civis, em sua maioria, inocentes. Atualmente, no mínimo três países estão envolvidos no conflito Israel-Hamas, além de outros grupos terroristas, como o Hezbollah.

É importante ressaltar que boa parte dos conflitos mundiais se sucede devido à falta de liberdade e à falsa necessidade de uma nação ou povo superior. Alimentados muitas vezes por grupos terroristas e ideologias extremistas, a luta pela liberdade se torna uma esperança inabalável para muitas populações sucateadas por conflitos políticos, sejam eles passageiros — mas inesquecíveis, ou duradouros.

A liberdade, porém, é inevitável.


Maria Rita

*As opiniões do autor não representam a posição do Damas de Ferro enquanto instituição.


 

 

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