Arte e Cultura no Objetivismo: Explorando a Visão Objetivista sobre o Papel da Arte na Vida Cotidiana

Arte e Cultura no Objetivismo: Explorando a Visão Objetivista sobre o Papel da Arte na Vida Cotidiana

No âmbito do objetivismo, a filosofia de Ayn Rand oferece uma perspectiva singular sobre a arte e a cultura, concebendo-as como veículos para a transmissão de valores fundamentais como a racionalidade, a produtividade e a integridade, todos essenciais para o individualismo. Rand defende que a arte não apenas deve refletir a realidade tal como é, mas também como deveria ser, retratando um homem heroico que celebra o senso vida.

Em seu livro “Manifesto Romântico”, Ayn Rand discorre extensivamente sobre a estética objetivista em diversos ensaios, sublinhando a importância da arte na expressão dos valores individualistas. Para Rand, a arte transcende a mera função de entretenimento, sendo antes um meio de celebração da vida. Em seus romances, a autora enfatiza heróis que desafiam o status quo, lutando contra todas as formas de opressão em busca da liberdade e realização pessoal.

Nesse contexto, Rand critica os naturalistas, que privilegiam temas cotidianos e retratam a realidade de maneira crua, considerando sua expressão artística como antagônica ao ideal romântico. Ela questiona por que os problemas de uma minoria desviante são tão amplamente estudados, enquanto os feitos de heróis são ignorados. Rand argumenta que essa visão distorcida decorre de uma moral altruísta, que desvaloriza a virtude em favor da depravação, obscurecendo a verdadeira essência do homem.

Por outro lado, a arte objetivista reconhece a capacidade humana de fazer escolhas racionais, destacando a importância de retratar um homem ideal, capaz de tomar decisões deliberadas com integridade, honestidade e excelência. Como Rand enfatiza, “O que não vale a pena contemplar na vida não vale a pena recriar na arte”.1

É natural, portanto, que a arte objetivista desperte interesse ao contemplar valores como grandeza, inteligência, virtude e heroísmo. Ao inspirar o pensamento independente e incentivar a busca pela excelência, essa forma de expressão artística torna-se fundamental na vida cotidiana, conduzindo-nos a uma existência mais rica e significativa, como demonstrado nos personagens criados por Ayn Rand.

ÍCONES DA LIBERDADE: ALGUNS PERSONAGENS IDEALIZADOS POR AYN RAND EM SEUS ROMANCES

Nos romances de Ayn Rand, emergem verdadeiros ícones da liberdade, personagens que transcendem as fronteiras do papel para inspirar e desafiar nossas concepções sobre a vida. Kira Argounova, protagonista de “Nós que Vivemos”, irradia uma força indomável, uma chama ardente que desafia os grilhões do coletivismo opressivo. Sua jornada é uma ode à coragem e à independência, um chamado para que enfrentemos as trevas do conformismo com a luz da individualidade. Em sua busca pela verdade, Kira se torna não apenas uma personagem, mas um símbolo vivo de resistência e integridade, incendiando os corações dos leitores com a sua determinação inabalável.

Igualdade 7-2521, protagonista de “Cântico”, é outro exemplo vívido desse espírito indomável. Num mundo distópico onde a individualidade é suprimida pelo coletivismo totalitário, ele se destaca como um visionário ousado, alimentando uma chama de curiosidade. Sua jornada de autodescoberta e busca pela verdade proibida ressoa profundamente, lembrando-nos da importância de desafiar as convenções sociais e seguir nossos próprios ideais, mesmo diante das pressões do mundo ao nosso redor.

Howard Roark, o arquiteto intransigente de “A Nascente”, personifica os ideais do individualismo e da integridade. Sua paixão pela arte da construção é uma manifestação de sua determinação inabalável em seguir sua própria visão, independentemente das pressões sociais ou das convenções estabelecidas. Enquanto enfrenta inúmeras adversidades, Roark permanece firme em sua busca pela verdadeira realização pessoal, inspirando-nos a seguir nossos próprios caminhos e acreditarmos em nós mesmos, mesmo quando o mundo nos desafia.

Por fim, o enigmático John Galt, em “A Revolta de Atlas”, personifica a luta pela liberdade e pela excelência em meio a um mundo que desvaloriza o talento individual. Sua greve é um chamado à resistência contra um sistema que sufoca a excelência e recompensa a mediocridade. Galt não é apenas um personagem, mas um ideal, um lembrete constante da importância de manter-se fiel aos próprios princípios e de lutar pela liberdade.

Esses personagens não são apenas figuras fictícias; são espelhos que refletem os desafios e as aspirações da vida real, guiando-nos em nossa jornada em direção à autenticidade e à realização pessoal. Em seus ideais, encontramos não apenas inspiração, mas também um convite para nos tornarmos os arquitetos de nossos próprios destinos e os defensores de nossas próprias liberdades.

“Veremos um Renascimento estético em nosso tempo? Não sei. O que eu sei é o seguinte: quem luta pelo futuro vive nele hoje.”2 Esta citação de Ayn Rand ecoa como um chamado à ação, convidando-nos a engajar-nos na construção de uma sociedade que valorize e promova a arte objetivista como um meio de elevar o potencial humano e enriquecer a experiência da vida.


Martha Caregnato

*As opiniões do autor não representam a posição do Damas de Ferro enquanto instituição.


  1. RAND, Ayn. Manifesto romântico. São Paulo: Faro Editorial, 2023, p.137. ↩︎
  2.  _________. Op. cit, p. 17. ↩︎

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