Como a Tecnologia está Afetando o Mercado de Trabalho Moderno?

Como a Tecnologia está Afetando o Mercado de Trabalho Moderno?

Vivemos nesse momento uma revolução tecnológica como nunca antes vista, com o já incrível advento da automação sendo completamente esquecido perante a revolução das inteligências artificiais. Com razão, as pessoas olham para isso e se perguntam como será o mercado de trabalho que elas ou seus filhos verão daqui pra frente. Como alguém que já trabalha há 2 anos na área de tecnologia, sinto ter a experiência suficiente para lhe dar a mudança mais fundamental que veremos daqui para frente.

A Imprevisibilidade do Futuro

Quando o físico americano Albert A. Michelson (1852-1931) foi perguntado sobre os avanços futuros de agora em diante, ele disse que as principais descobertas da física já tinham sido inventadas, e as discussões de agora em diante seriam focadas em coisas a partir da sexta casa decimal. Era um pensamento dividido pelo químico alemão Wilhelm Ostwald (1853-1932), que era da opinião de que grande parte do conhecimento fundamental da química já estava estabelecido, e não se esperariam novas ideias revolucionárias em breve.

Nós, que viemos do futuro, podemos rir destes dois cientistas simplesmente dizendo “bomba atômica”. Não só a bomba, aliás, como também verdadeiras revoluções tecnológicas como nunca antes vistas até então. Televisões a cores e cinemas; viagens espaciais e tecnologia satélite; aviões capazes de superar a velocidade do som; internet; e claro, não menos importante, a descoberta de métodos contraceptivos que permitiram às mulheres controlar quando teriam ou não filhos.

Dentre todas essas inovações, a contracepção feminina foi uma das mudanças mais profundas na humanidade como um todo. Afinal, ela eliminava a certeza da gravidez e permitia às mulheres terem carreiras profissionais complexas de maneira praticamente indistinguível da dos homens.

Mas por que falar dos erros de cientistas do século XIX se o texto é sobre o século XX? Simples: já vivemos uma revolução tecnológica e cultural exponencialmente maior do que em todo século XX, sem sinais de que irá desacelerar o ritmo. Quando tentamos hoje prever o futuro, acabamos na mesma posição da revista Times em 1894: eles previam que o coco de cavalo das carroças cobriria Londres por completo em 50 anos, apenas para inventarmos carros e esse problema deixar de existir.

Quatro imagens da coleção de obras “Nos anos 2000”, feitas por Jean-Marc Côté em 1900 para representar como ele via a sociedade 100 anos depois. Os quadros mostram uma orquestra de teatro automática, carteiros utilizando aviões, pessoas jogando cricket no fundo do mar, e uma casa móvel

Dito isso, não quer dizer que falar do trabalho daqui pra frente seja impossível. Há mudanças significativas no mercado de trabalho do século XXI, assim como a mudança social mais fundamental que pauta todas as mudanças daqui pra frente.

Mudanças no Cenário Atual

À medida que a automação revoluciona os setores industriais, uma mudança significativa em direção aos serviços se torna cada vez mais evidente. A digitalização e a interconexão global não apenas substituem empregos tradicionais, mas também criam novas oportunidades ocupacionais, muitas das quais são caracterizadas pela flexibilidade e pela adaptação contínua às novas tecnologias. Plataformas de economia compartilhada, como Uber e Airbnb, exemplificam essa transição para novos modelos de trabalho, onde indivíduos podem monetizar ativos pessoais ou habilidades específicas de maneira direta e descentralizada.

A ascensão da economia gigante não apenas diversifica as opções de emprego, mas também desafia as estruturas tradicionais de emprego e trabalho. Profissionais independentes e freelancers agora representam uma parte significativa da força de trabalho global, aproveitando a conectividade digital para trabalhar de qualquer lugar do mundo. No entanto, essa flexibilidade vem acompanhada de novos desafios, como a falta de benefícios tradicionais de emprego, a insegurança financeira e a necessidade contínua de atualização de habilidades para permanecer competitivo em um mercado em rápida evolução.

Além das mudanças no modo como trabalhamos, a natureza do trabalho em si está passando por transformações profundas. A automação não apenas automatiza tarefas repetitivas, mas também redefine as competências e habilidades exigidas dos trabalhadores. Habilidades tecnológicas, como programação, análise de dados e inteligência artificial, estão em alta demanda, enquanto habilidades humanas, como criatividade, pensamento crítico e inteligência emocional, se tornam igualmente essenciais para complementar as capacidades das máquinas.

O advento do trabalho remoto, impulsionado pela pandemia de COVID-19, acelerou essa transformação, levando empresas a repensar suas políticas de local de trabalho e permitindo que funcionários se conectem e colaborem globalmente de forma virtual. Essa mudança não apenas aumentou a produtividade em muitos casos, mas também levantou questões sobre a cultura organizacional, o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, e a sustentabilidade ambiental.

Em resposta a essas mudanças, empresas e governos estão começando a adotar políticas e estratégias para se adaptarem a um novo paradigma de trabalho.

Caramba! Escrevi bonito, né? Bem…na verdade não. Apesar de ser tudo verdade, toda essa seção do texto foi feita inteiramente via chat GPT, utilizando a minha seção sobre o século XIX como treinamento. É uma tecnologia que não existia de maneira acessível ao grande público há 2 anos atrás, e que em apenas 2 anos revolucionou de maneira irreversível o mercado de trabalho. O que hoje é feito em forma de texto pelo chat GPT também é feito em outras IAs para produzir imagens, vídeos, e clipes musicais. Já sites de mangás e animes já estão utilizando IA para traduzir suas legendas, enquanto grandes estúdios de Hollywood começam testes para que seus filmes possam ser traduzidos já com vozes dos atores originais.

Mas então isso quer dizer que não haverão mais novos trabalhos possíveis e, como disse o conselheiro do fórum econômico global Yuval Harari, o advento das IAs resultaria no problema de “bilhões de pessoas inúteis”?

Ainda é cedo para se dizer isso pois, por mais poderosa que uma IA sozinha seja, ela se torna uma ferramenta poderosíssima nas mãos de um ser humano. Para uma pessoa produtiva, o bruto de nosso trabalho pode ser feito com assistência de IAs, de modo que cada pessoa possa então focar na parte realmente produtiva de seu trabalho.

Ta. entendi. Então o futuro é todo mundo ser programador ultra produtivo em trabalho remoto? É isso que nos sobrou? Não exatamente. Uma opção cômica adotada pelo show “South Park” seria de que todo o trabalho intelectual com diplomas universitários se tornaria obsoleta e seriam os empregos dos trabalhadores manuais (mecânicos, eletricistas, encanadores, etc.) que sobreviveriam. Lembra da galera do século XIX lá no começo do texto? Seria muito cedo para prever a situação exata do mercado de trabalho no futuro com exatidão em meio à revolução das IAs.

No entanto, tem uma coisa que sabemos. Uma mudança que pode ser tida como a mais fundamental de todas, e que muito provavelmente veio para ficar.

A mudança mais fundamental de todas

O filósofo sul coreano Byung-Chul Han, famoso por seu livro “A Sociedade do Burnout”, descreve que saímos de uma sociedade da disciplina e entramos numa sociedade de desempenho. O que isso significa?

Na sociedade da disciplina, a qual teríamos vivido até o fim dos anos 2000, eram pressões sociais externas que nos restringiam e faziam com que passassemos a focar numa função específica. Já na sociedade do desempenho, há uma pressão interna para constante melhorias e otimizações.

Você dorme? Porque não acordar às 5 da manhã para ser produtivo enquanto seus concorrentes dormem? Precisa tomar banho? Tome um banho gelado para sair da sua zona de conforto e lembrar que nem tudo vai sair como deseja. Precisa comer? Seja um influencer online e monetize views tirando fotos da sua comida e fazendo propaganda dos lugares onde vai? Você faz sexo? Por que não abrir um Onlyfans e monetizar isso também?

Por qualquer motivo que seja, o descanso na sociedade do desempenho é visto como algo errado, um buraco a ser preenchido com trabalhos, treinamentos, ou outras atividades produtivas. O conhecimento acumulado não é mais garantia de experiência, com os avanços tecnológicos serem tamanhos que estima-se que estar 1 ano fora do ramo da tecnologia ser equivalente a 7 anos fora de outros empregos. E o estresse causado por isso seria um dos principais motivos para as síndromes de burnout que vemos em massa todos os dias.

Portanto, as tecnologias vão constantemente mudar nos próximos 50 anos, assim como o mundo após as IAs e trabalho remoto. Uma mudança que se permanecerá constante, porém, será a sociedade de desempenho. Seja qual for o seu emprego ou posição no mercado de trabalho, é esperado um estado de aprimoramento contínuo sem espaço para parar. Vai ser um mundo incrível, com invenções e inovações que colocarão o século XX no chinelo. Nossa única saída será continuar nos aprimorando cada vez mais, e utilizando essas novas ferramentas para produzir trabalhos ainda mais incríveis.


Paulo Grego

*As opiniões do autor não representam a posição do Damas de Ferro enquanto instituição.


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