Se levarmos em consideração que o termo “sociedade” corresponde a um conjunto de indivíduos com valores, vivências e opiniões distintas entre si, torna-se difícil atrelar a culpa das mazelas do mundo a todas as pessoas, de maneira uniforme, colocando-os em um único bolo, simplesmente pelo fato de viverem em um mesmo ambiente.
O Coletivismo prega, erroneamente, que a individualidade deve se submeter ao “interesse coletivo”, sacrificando seus próprios interesses. Isso acarreta em argumentações rasas e bastante perigosas, como por exemplo a de que se uma pessoa pobre comete um latrocínio, ela está, na verdade, cumprindo com o papel do qual a sociedade a submeteu.
Primeiramente, isso é totalmente injusto com os indivíduos que possuem as mesmas (ou piores) condições de vida dos que delinquem, mas optam por se manterem firmes em seus valores e não agredir a propriedade alheia. Afinal, o crime organizado em comunidades, por exemplo, não é, nem de longe, um resumo dos valores que a maioria dos moradores dessas localidades possuem. Pobreza não é sinônimo de má índole.
Além disso, esse discurso tende a redimir de qualquer culpa alguém que cometa algum tipo de delito, por mais bárbaro que ele seja. Nesse sentido, se uma ação repudiável não possui qualquer consequência para quem a comete, e a responsabilidade dessas ações não é objetivamente ligada a alguém, o incentivo que se tem é para que mais atos de igual ou de pior natureza sejam praticados. Ainda com um agravante: quem comete tais barbaridades é tratado como se fosse alvo de uma casualidade. No entanto, em nenhum caso, iniciar agressão contra um sujeito pacífico é aceitável.
Certamente, o ambiente em que uma pessoa vive influencia em todos os campos da sua vida. Mas, é muito cômodo para transgressores, com plenas faculdades mentais, ficar isentos de qualquer consequência ao optar por violar normas básicas de convivência, como não matar, e simplesmente ignorar que todos podemos (e devemos) escolher o caminho que tomamos. Quem se beneficia desse relativismo moral é o Homem mau pois, nesse caso, o crime sempre irá compensar.
Não é incomum nos depararmos com representantes do Estado (grupo de pessoas que contém o monopólio da força) sendo lenientes com criminosos de toda espécie. Mais uma vez: nada justifica agressão. Principalmente quando se nota que os principais alvos dessas agressões são pessoas vulneráveis socialmente e economicamente. Quem detém o monopólio Estatal, via de regra, acaba por agravar essa problemática com discursos demagógicos e políticas absurdas, tais como ”saidinhas” da cadeia, dentre outras maluquices. Premiam malfeitores e punem pessoas pacíficas, que perdem sua segurança à medida em que as tais “vítimas da sociedade” se veem livres para transgredir e ainda recebem benesses.
Se existe alguma vítima nessa história, certamente não são os assassinos, ladrões, estelionatários ou qualquer infrator de origem semelhante. A vítima, em questão, é o indivíduo que respeita a liberdade alheia, mas é proibido de portar uma arma para autodefesa, tem o fruto de seu trabalho espoliado e, além de tudo, não possui garantia alguma de que os crimes a que estão sujeitos serão punidos de maneira adequada.
“A menor minoria da Terra é o indivíduo. Aqueles que negam os direitos individuais não podem se dizer defensores das minorias.”
– Ayn Rand
*As opiniões do autor não representam a posição do Damas de Ferro enquanto instituição.