Neymar e Marta são dois grandes jogadores do futebol brasileiro. Ambos se comparam em habilidade e desempenho em campo. Entretanto, uma das coisas que tem trazido discussões polêmicas é a considerável diferença de salário dos dois.
Neymar Júnior, iniciou sua carreira no Santos e em 2017 foi contratado pelo Paris Saint-Germain (PSG) com um salário anual de 55 milhões de dólares, segundo a Forbes, o que vale a cerca de 4,5 milhões de dólares mensalmente.
Por outro lado, Marta Vieira da Silva, mais conhecida como Marta, iniciou sua carreira profissional jogando no Vasco da Gama nos anos 2000. Atualmente joga no Orlando Pride, nos Estados Unidos e recebe cerca de 340 mil euros (R$1 milhão e 495 mil) por temporada. Marta é considerada a 5º jogadora do sexo feminino mais bem paga do mundo. Contudo, seu salário representaria cerca de 1% do salário de Neymar. De acordo com levantamento realizado pela revista France Football em abril de 2019, essa diferença seria semelhante aos salários de outros grandes jogadores como Ada Hegerberg e Messi, por exemplo.
Não é uma questão de gênero
A polêmica da comparação dos salários dos dois jogadores seria a de que haveria essa diferença superior do salário do Neymar para o de Marta se daria por questões de gênero, em outras palavras, Marta ganharia menos pelo fato de ser mulher. A diferença de salário entre os dois é de fato grande, mas isso não se dá por questões de gênero. Devemos considerar os verdadeiros motivos que fazem o mercado do futebol feminino ser 300x inferior em remuneração do que o futebol masculino.
O futebol masculino movimenta um público muito mais expressivo, isso é um fato. E isso faz com que haja uma movimentação maior de recursos dentro desse mercado. O futebol feminino, ainda que tenha vários nomes representativos, movimenta uma audiência muito menor e, portanto, não atrai grandes investidores e patrocínios, pois não é tão rentável.
O mercado é indiferente
Mesmo que essa discussão tenha sido levada para um caráter de desigualdade, não se pode simplesmente levantar essa bandeira sem entender que o mercado determinará o valor daquele serviço dado o quanto aquele serviço consegue gerar de valor e, infelizmente, o futebol feminino não gera tanto quanto o masculino.
Portanto, seria justo Marta receber menos que Neymar. Justo, no sentido de que isso é determinado pelo Mercado, diante daquilo que o jogador pode oferecer e não simplesmente considerando um gênero ou outras questões sociais. Até porque, ainda que houvesse um aumento no salário das jogadoras equiparado ao dos jogadores do futebol masculino apenas para “igualar” os gêneros, isso necessariamente não refletiria no aumento de espectadores dispostos a pagar para assistir ao futebol feminino. Pois, numa situação óbvia e justa, os salários refletem a demanda pelo serviço e não o contrário.
*As opiniões do autor não representam a posição do Damas de Ferro enquanto instituição