A NORUEGA É UMA SOCIAL DEMOCRACIA?
A narrativa de que a Social Democracia deu certo na Noruega é muito utilizada pelos defensores do Estado, principalmente pelo fato de a Noruega taxar mais de 50% do seu PIB. O país se tornou independente da Coroa Sueca em 1905 e manteve seu destaque na economia europeia até o início da exploração de petróleo no Mar do Norte, na década de 1960. Dito isso, há uma teoria de esquerda que os países nórdicos comprovaram ser corretos: políticas social-democratas podem ser populares entre o eleitorado.
Prosperidade por meio do liberalismo
No entanto, a Noruega adotou medidas liberais para o seu desenvolvimento. Cumpre ressaltar que, a Noruega teve que aderir às privatizações em 2000, vendendo um terço da companhia de petróleo, Statoil. A facilidade de abertura de empresas no país dura 4 dias, e isso é bem atrativo para investidores estrangeiros. Até a Câmara Internacional de Comércio listou 75 países em questão de flexibilização comercial, como importação e exportação, e a Noruega ocupa a 11° posição. Se essa lista seguisse abrangendo todos os países, o Brasil ocuparia a 125° posição, uma posição abaixo do Irã, país este onde a mulher não pode empreender e é subjugada apenas por ser mulher.
Sim, a Noruega possui muitas taxações, só que eles produzem muito petróleo. Embora a produção bruta seja menor que a do Brasil, que é de 2.4 milhões de barris de petróleo por dia e a Noruega 1.6 barris por dia, é importante citar que o Brasil tem 210 milhões de habitantes e a Noruega tem 5.3 milhões de habitantes. Ou seja, a Noruega tem uma produção 26 vezes maior que o Brasil, e se a Petrobras começasse a produzir petróleo nessa proporção, seríamos capazes de produzir mais que os 17 maiores produtores de petróleo do mundo, fazendo que as nossas reservas de petróleo se esgotassem em pelo menos 240 dias.
O contexto Norueguês
Em 1998, a Noruega deu uma alta de produção de petróleo e até 2018 já tinha caído bastante, por que o grande problema do petróleo, é que ele acaba, e o problema se intensificou pelo fato de que novas reservas não estavam sendo encontradas na velocidade que eles queriam, como por exemplo o Mar do Norte que não deu novas descobertas. Isso fez com que eles procurassem novas reservas no ártico, onde a mineração é mais cara.
Em 2014, o desemprego cresceu 2% e 30 mil empregos no setor petroleiro foram perdidos, em comparação com o Brasil, seriam pelo menos 600 mil empregos. Na Noruega existe o maior fundo soberano do mundo que chega a 1 trilhão de dólares, mas o fato é que esse dinheiro não foi amealhado por causa do petróleo, mas valorizou-se por que 65% do valor desse fundo é investido em ações e 35% é investido em imóveis e títulos.
A crise da Covid-19
Com a crise sanitária causada pela Covid-19, o valor dessas ações foi afetado, assim como as economias globais. Nada comparada a crise de 2007, onde o mercado de ações caiu pela metade do seu valor, pois se a Noruega perde 65% desse trilhão, o país perde 325 bilhões de dólares bem rápido, isso fora os 35% locados em propriedades que também podem perder seu valor durante uma crise por causa da desvalorização. Em 2018, houve uma “pancada” no mercado internacional, e isso fez com que a Noruega perdesse 21 bilhões de dólares em 3 meses, daí as contas do país não ficaram equilibradas e os forçou a começar a sacar do fundo soberano, até o próprio presidente do Banco Central da União Europeia (na época) falou que o mercado chegou ao topo.
Dito isso, para um estudo econômico, não podemos partir de argumentos empíricos, porque acabaríamos esquecendo de variáveis, que são extremamente essenciais para uma conclusão. A Noruega passou longe de ser um exemplo de sucesso da Social Democracia, sendo que o investimento estrangeiro é liberado (no Brasil, é cheio de restrições) e os direitos de propriedade são absolutos. Por fim, não há uma CLT (inventada por Mussolini e rapidamente copiada por Getúlio Vargas) nos países nórdicos. Eis uma lição que a esquerda mundial pode realmente aprender com os nórdicos, pois quanto mais liberdade, tanto econômica quanto social, maior é o desenvolvimento de uma nação.
Texto por Victor Queiroz